O ‘não voto’ deu o seu recado este ano
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Dos mais de 142 milhões de brasileiros aptos a votar na eleição deste ano, 37.278.733, ou seja, 26,1 por cento resolveram dizer não as propostas dos candidatos e ao modelo ultrapassado que aí está.

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Por Eduardo Lena

Dos mais de 142 milhões de brasileiros aptos a votar na eleição deste ano, 37.278.733, ou seja, 26,1 por cento resolveram dizer não as propostas dos candidatos e ao modelo ultrapassado que aí está. Mais de 30 milhões, precisamente 30.137.317 brasileiros, simplesmente se abstiveram e escolheram outro destino do que ir até as urnas, enquanto outros 7.141.416 ou votaram em branco ou anularam seus votos.

Esse é um recado claro que o povo está mandando para os parlamentares. É preciso urgentemente uma reforma política, onde a reeleição seja banida, para evitar o enraizamento dos tentáculos de quem está no poder a muito tempo e seja implantado o voto facultativo, inibindo com isso a compra de votos.

O sufrágio distrital misto também seria uma saída para que regiões mais distantes das capitais não fiquem órfãs de representação. Um exemplo disso é o Oeste da Bahia, onde seus mais de 600 mil eleitores só foram capazes de eleger dois deputados estaduais, Antonio Henrique Junior (PP) e Pablo Barrozo (DEM), quando nosso coeficiente eleitoral seria o suficiente para ter entre oito e dez parlamentares na Assembleia Legislativa. O mesmo vale para a Câmara Federal. Representantes legítimos eleitos pelo o Oeste, somente José Rocha (PR), que tem base eleitoral em Coribe, e Arthur Maia (SD), ex-prefeito de Bom Jesus da Lapa.

O que se viu nessa eleição foi uma enxurrada de votos para candidatos paraquedistas, que nem mesmo conhecem a região Oeste. A pergunta que se faz nessa hora é: Será que os candidatos da região Sul do Estado, do Recôncavo, do Sudeste ou mesmo da capital, que foram votados aqui, na hora de definir as verbas das emendas parlamentares vão reservar boa parte delas para nossa região ou vão aplicar tudo em suas bases eleitorais? Para mim a resposta é óbvia.

Outro exemplo prático de que nossa região é relevada a segundo plano é quanto a escolha do secretariado estadual. Mesmo sendo responsável por mais de 80% das commodities agrícolas produzidas na Bahia, nunca fomos agraciados com a escolha de um nome para o primeiro escalão da Secretaria de Agricultura. Não é por falta de nomes. Os empresários rurais Walter Horita, João Carlos Rodrigues Jacobsen, Ademar Marçal, Odacir Ranzi, Júlio Cézar Busato, Sérgio Pitt, Luís Antônio Cansanção, Humberto Santa Cruz, Jusmari Oliviera, entre outros tantos, teriam total condições de capitanear os destinos da agricultura baiana, mas como nossa região é pobre de votos, os governadores preferem escolher nomes da região Sul ou central, onde o retorno eleitoral é certo. É preciso mudanças. No caso do Oeste, a emancipação política seria a melhor saída.

Jornal Nova Fronteira