PERSPECTIVAS SOMBRIAS, MAS NEM TANTO…
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Hoje, quando escrevo (21/10/2022), estamos a meio caminho do segundo turno das eleições gerais previstas para o próximo dia 30. O panorama se apresenta algo confuso no que se refere à escolha do futro Presidente da República

*Ronaldo Ausone Lupinacci

Era minha intenção abordar hoje a extremamente grave situação internacional, para dar continuidade ao artigo anterior desta coluna (“Conseqüências próximas da guerra na Europa para nós do Brasil Central agropecuário”, publicado em 30/09/2022 .”). Contudo, como estamos na efervescência da campanha eleitoral mais acirrada de nossa História – cujos prováveis desdobramentos começam a aparecer – resolvi deixar o exame daquele assunto para um próximo artigo, que não deve tardar, exatamente em razão da exacerbada conjuntura externa.

Hoje, quando escrevo (21/10/2022), estamos a meio caminho do segundo turno das eleições gerais previstas para o próximo dia 30. O panorama se apresenta algo confuso no que se refere à escolha do futuro Presidente da República. Ambos os contendores (Bolsonaro e Lula) cantam vitória antecipadamente. Ao mesmo tempo denotam grande esforço de propaganda, a demonstrar que nenhum deles tem certeza do êxito. Em outras palavras, admitem, ainda que implicitamente, pequena diferença entre as respectivas futuras votações.

Não vou entrar em especulações, e, muito menos nos projetados resultados feitos pelos institutos de “pesquisas”. As aspas irônicas mostram o quanto confio em tais “pesquisas”. Diante do cenário teoricamente incerto parto para projeções dos prováveis cenários futuros.

Primeiro cenário: Bolsonaro vence, tornando-se o próximo Presidente. As esquerdas, manobradas a certa distância pela seita comunista, não vão engolir tal desfecho. Não aceitarão o resultado  dentro do embate democrático, ou seja, não ficarão esperando a eleição de 2026, fazendo oposição por assim civilizada. Disso vêm dando vários indícios. Não quererão aguardar porque vêm perdendo terreno junto à opinião pública em todo o mundo, ou quase todo o mundo ocidental, e, rumam para a morte, talvez lenta, entretanto inexorável. Entre o óbito previsível no horizonte, e uma sobrevida extremamente difícil, quiçá impossível, tenderão a optar pela aventura, vale dizer pela violência, o método clássico que no passado lhe propiciou  inegáveis êxitos. Com os riscos inerentes a toda a aventura, mormente o do completo extermínio a médio prazo…

Segundo cenário: Lula vence (sem outra fraude eleitoral), mas tal será a oposição que terá de enfrentar, que não conseguirá executar seu programa de governo (por sinal escondido em brumas da ambigüidade). Assim, ou se conforma, com o inevitável desgaste junto às suas bases, as quais, neste cenário estarão inclinadas á inércia pelo abandono do ideal de Revolução mundial ou não se resigna e parte para iniciativas violentas que redundarão em guerra civil de final imprevisível: ou êxito, com a imposição de ditadura férrea, ou, o mesmo antes cogitado: o extermínio da ideologia, e do seu aparelho político.

Terceiro cenário: Lula vence, também, mas através de fraude análoga a ocorrida no primeiro turno, pela manipulação criminosa do resultado da eleição. Este cenário se assemelha àquele anteriormente projetado para a segunda hipótese do cenário anterior. Quer dizer, a massa conservadora é que tomará a iniciativa de insurreição, evidentemente armada, com os mesmos desfechos possíveis: extermínio das esquerdas pelos insurretos, ou a implantação de ditadura comunista sanguinária.

Quarto cenário: Bolsonaro se sai vencedor, mas, surpreendentemente, seus adversários aceitam o resultado eleitoral adverso sem sair da “quatro linhas da Constituição”, isto é, se mantém dentro das regras do jogo democrático. Esta hipótese é muito pouco provável, mas não pode ser desprezada porque afinal – como mera hipótese – não deixa de existir.

Como se vê inexiste perspectiva de paz. Não se pode conceber no contexto atual, ou mesmo futuro, do fictício ressurgimento de algum “centrão”, amorfo, relativista e pacifista. A polarização – melhor seria dizer divisão – isto é, a cisão da opinião pública em duas facções inconciliáveis determinará o desaparecimento, pela aniquilação, de uma das duas. Insisto: a ressurreição da denominada terceira via (“centrão”) é algo impensável. A ruptura, com todas as suas seqüelas, vieram para permanecer. O estado atual da opinião pública, portanto, difere totalmente daquele “abobamento” que permaneceu nas últimas décadas, e, agora já é um cadáver, embora insepulto. Basta atentar para a votação raquítica da candidata da tal “terceira via”, a arrogante e demagoga Simone Tebet.

Prospectando assim nosso futuro próximo, e, já considerando os indícios dos planos das esquerdas, se pode prever que tudo converge para a violência terrorista a ser desencadeada contra a população ordeira, cordata e pacífica. Esse trajeto, ademais, não consistirá em qualquer surpresa para quem tiver um mínimo conhecimento da História dos últimos séculos, desde a revolta anabatista (1523-1525), passando pela Revolução Francesa[1] até as atrocidades do Khmer Rouge no Camboja[2], e outras mais recentes como as praticadas na Coréia do Norte, na Colômbia (pelas FARC), em Cuba, na Nicarágua, pelo Boko Haram na Nigéria só, para dar alguns exemplos. Mas, me parece que o quadro mais provável seja análogo àquele da Espanha, da guerra civil de 1936-1939. Isso porque as esquerdas nacionais carecem de meios para subjugar o Brasil. Seriam esmagadas, tendo ou não o governo nas mãos. Necessitarão de forças estrangeiras. Dos países vizinhos dirigidos por comunistas ou satélites do comunismo não podem esperar muita ajuda porque tais governos esquerdistas  acabariam incitando as forças conservadoras existentes em seus próprios países a insurgir-se, e, a perder o poder já frágil que neles têm. Semelhante, também ao que aconteceu com a Argentina durante a Guerra das Malvinas (1982), quando o conflito foi estimulado pela extinta União Soviética, desejosa de apossar-se do território platino, com o envio de tropas que de lá nunca mais sairiam. Sucede que União  Soviética não mais existe, e o que dela sobrou (a Rússia) é incapaz mesmo de dominar a Ucrânia. Não dispõe de meios para se aventurar no Brasil. Permanecerá para os comunistas nativos, então, como única opção reunir brigadistas de vários países, estratégia que fracassou na Espanha de 1936-1939, apesar do alto custo em sangue e sofrimentos outros[3]. E, unir a tais brigadas internacionais o misterioso  “exército” de João Pedro Stédile (do MST), e, ainda, o outro pouco misterioso “exército” do Ministro Fachin, composto pelos integrantes das várias facções criminosas organizadas que infestam alguns de nossos principais centros urbanos.

Um fato que concorre para o estímulo ao crime, à desordem, e a revolução social pretendida por subversivos: Decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (em https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/14102021-Para-Quinta-Turma–configuracao-do-crime-tentado-exige-inicio-da-acao-prevista-no-verbo-do-tipo-penal.aspx) abriu o caminho para uma forma de impunidade. Conforme se infere do extrato do decisório “os ministros negaram provimento ao recurso em que o Ministério Público do Tocantins buscava a condenação de dois homens por tentativa de roubo. Eles foram flagrados pela polícia com uma arma de fogo, após romperem o cadeado e destruírem a fechadura de uma residência com o objetivo de roubá-la. Para o colegiado, no entanto, a ação dos dois configurou meros atos preparatórios – o que impede a condenação por tentativa de roubo circunstanciado, uma vez que não iniciaram a ação de “subtrair”, núcleo verbal do artigo 157 do Código Penal.

A referida decisão merece veemente repúdio, independentemente das circunstâncias e particularidades do caso concreto. O erro de princípio é flagrante. Constatada a ação dolosa da dupla, que se achava configurada plenamente, a tentativa delituosa se mostrava suficiente para a instauração das medidas de persecução penal. O fato é trazido ao conhecimento geral porque desborda de sua mera individualidade, e, evidência a tendência leniente que governa nossos tribunais. Este padrão decisório concorre, diretamente, para a impunidade imperante. A sociedade, portanto, deve reagir com toda a veemência necessária contra pronunciamentos judiciais análogos, posto que colocam em risco tanto indivíduos, como a própria paz social. Nada de brandura com o crime.

A intercalação acima teve em vista alertar o publico sobre como tal jurisprudência tende a destruir a ordem social. Imaginem uma fazenda cercada por invasores que aguardam o momento de desfechar o golpe final. Para a linha de orientação do julgado não haveria delito. A mesma apreciação vale para tentativas de invasão de residências. Entretanto, se adotada tal posição falsa todos nós ficaremos à mercê de hordas de invasores, ficaremos sujeitos ao terrorismo. Destarte, a orientação do julgado concorre para a instalação do caos e da violência. Não acredito que os magistrados que julgaram o caso pretenderam fomentar a agitação. Mas, deixaram de atentar para até que ponto um erro de princípio pode ser aproveitado por criminosos organizados, tais como os esbulhadores.

Resta uma última palavra. O PT (Partido dos “Trabalhadores”) foi criado para substituir o Partido Comunista (PCB e PCdoB), com nova roupagem, na liderança do movimento comunista. Apesar de eventuais diferenças secundárias em relação aos dois partidos mencionados, conserva a mesma ideologia marxista-leninista, com posteriores tinturas “gramcistas”[4]. Interditada a alternativa “democrática”, é evidente que retornará à via clássica da violência e do terrorismo. Daí porque os três cenários acima desenhados convergem para o mesmo quadro de convulsão social, dentro de pouco tempo.

Abstraí neste texto do enfoque religioso. Nem vou me estender sobre este ponto vital, até mesmo para manter os adversários – melhor seria dizer inimigos – na ignorância e na confusão. Porém, nós católicos temos a certeza da vitória, com base nas promessas de emissários da Divina Providência. Aqui fui também propositadamente vago…Por isso estou preocupado. Mas, nem tanto.

*O autor é advogado.

[1] https://brasilescola.uol.com.br/historiab/anabatistas-as-revoltas-seculo-xvi.htm
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Quemer_Vermelho
[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigadas_Internacionais
[4] https://blogdaboitempo.com.br/2021/12/08/voce-conhece-antonio-gramsci/
Jornal Nova Fronteira