Publicada em 15/06/2015 às 08:14
HUMBERTO PINHO DA SILVA – Porto, Portugal
Havia em Vila Flor – a flor das Vilas, como dizia Raul de Sá Correia, – amigo de meu pai, que temia os bancos (não os de madeira, mas os que guardam o nosso dinheiro,) porque seu pai perdera tudo, quando, o banco falira.
Recordei o sujeito ao saber da derrocada do BES – o maior e mais sólido banco privado português.
No tempo do Estado Novo, para evitar que os pobres perdessem economias, reformou-se em 1929 a CGD, que aceitava pequenos depósitos que rendiam juros superiores aos bancos comerciais.
Lentamente as instituições de crédito ganharam credibilidade. O cidadão sabia: dinheiro depositado era dinheiro que rendia e estava seguro, mesmo em pequenos bancos.
Mas os tempos mudaram. Veio a liberdade, a democracia, o direito à indignação – o povo regozijou, – e paralelamente chegou: a incerteza de trabalho e o receio de confiar aos banqueiros o dinheiro ganho com esforço e honestidade.
E como isso não fosse bastante, os bancos resolveram, que os depósitos a prazo deixassem de render ou rendessem juros irrisórios; e nas contas à ordem, se não tiverem saldo médio, de certa quantia, o dinheiro evapora-se… (Na CGD retiram quatro euros e noventa e cinco cêntimos, por mês).
Importância que a maioria dos cidadãos, não ganham em dois meses – estou a referir-me à chamada classe media.
Chego a pensar: a democracia é boa para os ricos; os pobres ganharam apenas o direito à indignação – que lhes arruína a saúde e nada lhes adianta.
Enquanto assim for, uns enriquecem, outros passam de remediados a pobres.
Agora, em Portugal, os de menos recurso encontram-se impedidos de economizar para a velhice ou para percalços, que inevitavelmente surgem, já que a maioria não consegue manter o saldo exigido pelos bancos.
Verdadeiramente não se pode ser pobre em Portugal! … Mas o mal não é só da democracia e dos partidos que a apoiam, porque sempre foi assim. Cada país tem seu fado, o fado português é de viver sempre de crise em crise.
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