Fornecedores da Abengoa bloqueiam rodovia no Oeste da Bahia

Publicada em 08/03/2016 às 11:05

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Texto e fotos Eduardo Lena | Redação JornalNF

Fornecedores da companhia espanhola Abengoa, insatisfeitos com o descaso e com o silêncio da empresa quanto ao pagamento dos serviços prestados por empresas e prestadores de serviços de Goiás, Tocantins, Piauí e Bahia, desde maio de 2015, resolveram na manhã de hoje, 08, bloquear parte da BR 242, em frente a sede da empresa, saída para Salvador, no município de Barreiras, Oeste da Bahia.

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A estimativa é que na região mais de 200 fornecedores diretos tem um ativo superior a R$ 70 milhões a receber da Abengoa. Com o calote que se apresenta, empresas de médio e pequeno porte estão fechando as portas e enfrentando uma enxurrada de ações trabalhistas, e isso tem refletido indiretamente em outros setores da economia de diversas cidades do Oeste da Bahia, uma vez que muitos fornecedores compravam seus insumos no comércio regional. É simples, se eles não recebem da Abengoa, não têm como pagar suas dívidas.

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De acordo com Fabrício Lacerda, empresário da F.Lacerda Ltda, empresa instalada no Setor de Indústria de Barreiras, os mais de 200 fornecedores do Oeste da Bahia estão sem contato com a diretoria da Abengoa desde o dia 26 de novembro de 2015, data em que a empresa suspendeu todos os pagamentos, fechou as portas na região e abandonou os fornecedores. “No processo de recuperação judicial a empresa alega um passivo aproximado de R$ 3 bilhões, mas sabemos que o valor está subestimado, pois existem empresas com mais de R$ 700 mil a receber e no processo de recuperação judicial consta apenas R$ 200 mil”, afirma o empresário que foi um dos responsáveis por fornecer os pré-moldados para construção das torres de energia. O mesmo vale para outros fornecedores, alguns com mais de R$ 1 milhão por receber e na recuperação judicial consta um pouco mais de R$ 300 mil.

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Fabrício Lacerda alega que a paralisação de hoje tem por intuito alertar o Governo Federal para a situação dos fornecedores da Abengoa na região. “Nós percebemos que o Governo Federal tem se preocupado apenas em achar uma empresa que possa dar continuidade ao contrato da Abengoa, e em nenhum momento buscado alternativas para sanar os débitos dos fornecedores que têm enfrentado sérias dificuldades em manter suas empresas em funcionamento. Além de não solucionar o problema, o Governo Federal, através do Fisco, tem multado e cobrado juros dos empresários que estão com os impostos atrasados devido a inadimplência da Abengoa”, reclama o fornecedor, que foi escolhido pelos demais manifestantes para falar em nome do grupo.

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Esperamos que a notícia dessa mobilização chegue até o Ministro das Minas e Energia Eduardo Braga e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para que eles possam tomar conhecimento da real situação dos fornecedores da Abengoa que prestaram serviços no Linhão do Belo Monte. “O ministro precisa saber que as empresas estão com funcionários, parcelas de empréstimos e impostos atrasados, a mercê de fecharem suas portas, aumentando ainda mais o desemprego no país”, desabafou Fabrício.

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Enquanto os fornecedores da Abengoa na região Nordeste estão relegados a própria sorte, sem contar com o apoio do Governo Federal e ignorados pela empresa, os executivos da Abengoa fizeram uma exposição aos agentes financeiros de como pretendem superar os problemas nas usinas São Luiz e São João, localizadas respectivamente em Pirassununga e São João da Boa Vista, Estado de São Paulo, visando solidificar seu plano de reestruturação de dívidas e diminuir os problemas financeiros que desde o final do ano passado afetam a empresa e os fornecedores daquele estado.

Nessa reunião ficou acertado que os próximos passos serão reuniões bilaterais com cada instituição financeira para discutir e esclarecer cada ponto do Plano de Viabilidade da Abengoa Bioenergia Brasil, relativa apenas as usinas São Luiz e São João.

Segundo publicado na renomada revista Exame em novembro de 2015, o caso da Abengoa é um exemplo extremo de uma companhia espanhola que cresceu impulsionada no endividamento, durante os anos de boom econômico do país, mas agora enfrenta dificuldades para avançar. A empresa é uma das maiores construtoras do mundo de linhas de transmissão que transportam energia pela América Latina e também importante no setor de engenharia e construção, com grandes usinas de energia renovável em lugares que vão do Kansas ao Reino Unido.

A primeira rodada de negociações da Abengoa com seus credores começou após a companhia de investimentos espanhola Gonvarri Corporación Financiera cancelar um plano de injetar cerca de 350 milhões de euros (US$ 375,85 milhões) na empresa sediada em Sevilha, disse a Abengoa na documentação regulatória entregue pela empresa. “A companhia continuará as negociações com os credores, com o objetivo de chegar a um acordo para garantir sua viabilidade financeira”, afirmou a companhia, mas o prazo para negociar com os credores, que era de até quatro meses, já está vencendo e até o momento nada de concreto foi apresentado.

A Abengoa, cujo valor de mercado caiu para 300 milhões de euros, registrou endividamento financeiro bruto de 8,9 bilhões de euros no terceiro trimestre de 2015.

Belo Monte – A Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Rio Xingu (PA), vai acionar as primeiras turbinas nos próximos meses, mas poderá ter problemas para escoar a energia gerada para outras regiões do país. Em um primeiro momento, quando a geração de Belo Monte ainda estiver baixa, a energia será transmitida diretamente para o Sistema Interligado Nacional, pela subestação Xingu, situada no município paraense de Vitória do Xingu. No entanto, quando a geração aumentar, pode haver dificuldades para escoar toda a energia.

As linhas de transmissão que deverão levar a energia de Belo Monte à Região Nordeste que estavam sendo construídas pela Abengoa, foram paralisadas no fim do ano passado porque a matriz da empresa, na Espanha, entrou em recuperação judicial. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o atraso nesses empreendimentos poderá restringir a geração de energia em Belo Monte até a entrada da primeira grande linha de transmissão do empreendimento.

Veja o que foi publicado sobre o assunto:

04/02/2016

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18/01/2016

Crise na Abengoa por trazer problemas de escoamento da energia de Belo Monte

 

11/01/2016

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01/12/2015

Colapso da Abengoa gera 1.500 demissões na Bahia e interrompe obra do linhão de Belo Monte

 

28/11/2015

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27/11/2015

Abengoa inicia demissão em massa que atinge mais de 1500 trabalhadores em obras na Bahia

 

27/11/2015

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26/11/2015

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7 Comentários

  1. Fabricio disse:

    Os fornecedores da Abengoa estão passando por uma situação muito difícil, tivemos que demitir muitos funcionários, impostos em atraso e dividas com fornecedores tem causado uma séria de transtorno sem falar mas muitas empresas que paralisaram suas atividades. Mas acredito que o Ministério de Minas e Energia, através do Eduardo Braga e Aneel terão a sensibilidade de olhar com atenção para nos Fornecedores os quais foram os grandes financiadores das obras se existe alguma coisa construida boa parte foi financiada por nós fornecedores.

  2. francisco de assis -empreza sertop obra de parauapeba-pa disse:

    PREZADOS COMPANHEIROS

    ESTOU NA MESMA SITUACAO DE VOCES A MINHA EMPREZA TRABALHOU NO PERIODO DE JUNHO A DESEMBRO DE 2015 NO TRECHO DE XINGU A MIRACEMA FIZEMOS OS SERVICOS DE TOPOGRAFIA E REVISTIVIDADE DE SOLO E NAO RECEBEMOS MEN A MOBILIZACAO DE 08 EQUIPES QUE ESTAVAM PRESTANDO SERVICO NESTE TRECHO

  3. francisco de assis -empreza sertop obra de parauapeba-pa disse:

    prezados companheiros

    estou no mesma situacao de voces a minha empreza trabalou fazendo o servico de topografia no trecho de xingu a miracema-to mobilizamos 8 equipes de topografia trabalhamos de junho a desembro de 2015 e nao recebemos nem a mobilizacao das equipes estou cem pagar os meus colaboradores desde de novembro e aos meus fornecedores

  4. Augusto Figueredo Neto disse:

    Essa empresa chegou aqui na região de Cruz das Almas alugou casas, contratou empresas de refeições, Comprou materiais de construção, alugou carros, maquinas, etc . E não pagou. Não recebemos um real. Em um pais serio essa cambada de estelionatários era para estar na cadeia. Minha empresa hoje depois de 29 anos de mercado está fechando as portas por ter muitos débitos sem condições de pagar, além dos prejuízos materiais ainda tem as humilhações de cobradores na porta o tempo todo.

  5. Osvaldo Pereira de Brito disse:

    Nós somos uma empresa do Mato Grosso. A distancia nos deixa sem opções de estar com os companheiros daí da região. Más fica o registro. Estamos também na batalha.

  6. humberto sales disse:

    estou muito preocupado estive numa reuniao com os advogados da abengoa em barreiras e vejo que estao so ganhando tempo uma fonte me disse bem claro que a falencia na espanha esta sendo decretada uma vez que essa empresa entra em falencia na espanha o brasil ja esta falida e questao de tempo pra se finalizar estou muito triste em perder um bom dinheiro investido nessa empresa estou a 10 meses sem receber e agora descubro que estao ganhando tempo pra finalizar a falencia e nosso governo vai vender seus ativos pra cobrir o rombo que eles deixaram no pais lamentavel

  7. Rildo Chaves disse:

    Eduardo, em nome dos empresários de nossa cidade quero agradecer o apoio do Jornal Nova Fronteira. Acho que com o apoio de vocês iremos ter voz, precisamos chegar ate o Ministro de Minas e Energia. precisamos mostrar a eles que por traz dos interesses do governo tem muitos fornecedor que confiou e acreditou no projeto e não obteve retorno. E que com a venda da empresa não podem deixar estes fornecedores, os quais financiadores da obra de fora com as mãos vazias.

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