De quem é a culpa de tanta violência?

Publicada em 13/09/2014 às 08:34

Por Humberto Pinho da Silva

Conheci, nas últimas décadas do século transato, pastor evangélico, sacerdote brasileiro, delicadíssimo, e creio, integro cumpridor da doutrina cristã.

Convidou-me, certa vez, para almoçar em sua casa. Aceitei.

Enquanto ultimava os preparos da cozinha, mostrou-me o escritório, os livros que possuía e os filhos. Dois belos garotinhos de soberbos olhos azuis.

À mesa, após pequena oração, sua mulher, contou-me que as crianças frequentavam colégio evangélico e queixavam-se de serem molestados por coleguinhas.

Perguntei-lhe se foram vítimas de bulling. Respondeu-me que não: “Eduquei-os para não trazerem desaforo para casa. Quem os incomodar, leva – disse a rir – “Para isso mandei-os aprender artes marciais.”

O marido, como pastor, meio atrapalhado, explicou: “Cristo não ensina isso, mas como a sociedade está, é preciso saber defendermo-nos.

El Capone, famoso gangster americano, dizia que tinha coração bondoso, incapaz de fazer mal seja a quem fosse. Apenas se defendia.

E o célebre salteador português Zé do Telhado – que tinha coração generoso – declarou a Camilo Castelo branco, que se entregara à vida de bandido porque lhe negaram emprego, apesar de possuir a Torre Espada, por atos de bravura.

Ainda que duvide, os psicólogos são de parecer, que todos nascem bons, a sociedade é que os torna maus.
Jesus recomendava: “Amar o próximo como a nós mesmo”; e o povo, relicário da sabedoria, costuma, com acerto, dizer: “ Tudo que se planta, colhe-se.

Se educarmos nossas crianças com amor e exigência. Se cuidarmos que respeitem os idosos e superiores: Se as escolas reprimirem, severamente, as prevaricações, o mundo, seria, certamente, bem melhor.

Como querem que hajam cidadãos honestos, se desde criança veem: corrupção, atos indignos, falta de obediência e violência? A escola pública, local onde devia haver respeito, disciplina e normas morais, transformou-se, nas últimas décadas, em terreiro, onde tudo, ou quase tudo, é permitido.

Se os filhos não respeitam os pais e avós, como hão-de obedecer aos professores, se estes foram despidos de autoridade pelos pais dos alunos, e pelo Ministério da Educação?

Como querem construir nação, onde reine ordem e progresso, se a mass-media, diariamente, envenena a juventude, invertendo valores, impingindo como correto, comportamentos vergonhosos.

As nossas novelas televisivas, o cinema, não têm, em regra, enredos que eduquem a sociedade, mas lavagens cerebrais, no intuito do povo, aceitar, como normal, comportamentos degradantes.

Quando vejo banditismo, quando ouço insultos e palavrões, saídos da boca de crianças, não sei se as hei-de condenar ou os meios audiovisuais, que os intoxicam desde a meninice.

Certos escritores, certos jornalistas, certos diretores de programas de TV, é que deviam estar sentados no banco dos réus, em lugar de jovens delinquentes, porque foram eles, que incutiram, e ensinaram, comportamentos e atitudes reprováveis.

Se a violência, o desrespeito, e a imoralidade campeiam nas nossas cidades, contaminando já o interior, e pequenos burgos, a culpa é: das autoridades, dos professores, dos juízes, dos políticos, mormente da imprensa, TV e cinema.

Até quando permitiremos, que quem manda, corrompa nossos filhos e netos? Até quando permitiremos que os verdadeiros responsáveis pelo descalabro e desvergonha, continuem a intoxicar a juventude?

1 Comentário

  1. Lindinou Rabelo disse:

    É plausível a visão do colunista, estamos sitiados pelas inclinações dos poderes midiáticos, que nos informas sempre com o interesse do reconhecimento ou da aceitação de suas induções; como quem chama mais a atenção é a miséria, o sinistro, a corrupção , o crime e coisas semelhante a estas, então, as mentes mais “brilhantes” são as que conseguem os “furos” e alastram as nódoas perversas, alimentando as mentes já culturalmente ávidas, por essas informações e as vezes nem importa a veracidade.
    Fato é que vivemos num país que se diz cristão. Porém um cristianismo muito distante do de CRISTO. Ele disse os seus seguidores seriam SAL da terra, temperariam, edificariam, seriam verdadeiros, honestos, sinceros e que também seriam LUZ do mundo, luzeiros de Deus, filhos inculpáveis, que jamais se omitiriam ante o dever de justiça, retidão e caráter. Contudo, nos tornamo-nos religiosos, demos muito mais atenção os preceitos dogmáticos da religião do que a Palavra de Deus, que segundo o Senhor Jesus Cristo é quem nos liberta. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertarás – disse Ele. QUE VELARIA pela Sua palavra e não por religião alguma. Somos tope em: violência, corrupção, homicídio, desrespeito, trafico de droga, roubos e toda sorte de improbidade. Todos ou quase , se dizem “cristãos”. certo que, bem diferente dos que são SAL da terra e LUZ do mundo.
    Se não houver transformação no indivíduo, jamais haverá na coletividade, os programas sociais por qualquer seguimento, nunca terão êxitos, sem a conscientização do ser humano. As manifestações nascem dentro do coração do homem, boas ou más, foi Cristo que falou.
    Somos muito igrejeiros nos dias de cultos e pouquíssimos testemunhas de Jesus nos outros dias da semana. A religião só nos lava até o templo, porque a Deus só iremos pelo CAMINHO, a VERDADE e a VIDA, ou seja, JESUS. por isso precisamos honrar verdadeiramente aQuele de quem não conseguiremos esconder nada. O filho honra o Pai. Como podemos honrá-lo se nossas atitudes O desrespeita. O grande problema nosso é que nos acostumamos com a religiosidade habitual que não nos desperta para o dever principal de todo homem temer a Deus.
    Assim disse Salomão:
    “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos porque isso é o dever de todo homem porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más. Ec. 12.13-14

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