Consequências próximas da guerra na Europa para nós do Brasil Central agropecuário
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A Rússia invadiu o território de sua vizinha Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, depois de dias da escalada de tensões e ameaças, sob o farisaico e cínico pretexto de que não poderia tolerar supostas ameaças daquele país-vítima.

Ronaldo Ausone Lupinacci*

A Rússia invadiu o território de sua vizinha Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, depois de dias da escalada de tensões e ameaças, sob o farisaico e cínico pretexto de que não poderia tolerar supostas ameaças daquele país-vítima. A Rússia já estava concentrando tropas e armamentos desde 2021, na fronteira entre os dois países. Muitos interpretaram tal movimentação pré-bélica como mera bravata ou blefe de Vladimir Putin. Outros, porém, muito mais previdentes, perceberam que a demora da Rússia seria, apenas, cautela destinada a reunir forças suficientemente poderosas – em ataque-relâmpago devastador – e, ao mesmo tempo, prospectar o alcance de eventuais reações do mundo ocidental.

Pouco antes do ataque, isto é, no dia 31 de janeiro último, um estudioso brasileiro radicado nos Estados Unidos, publicou artigo aventando a hipótese de que as forças secretas que governam o mundo, lideradas pelos comunistas – insatisfeitas com os resultados da ofensiva da COVID-19 – lançada como teste prévio, para ações mais ousadas no futuro – passaram a considerar a alternativa de promover guerra mundial com o mesmo objetivo[1]. Um rapidíssimo parêntese: afirmo, categoricamente, tal como o articulista mencionado no rodapé (Átila Sinke Guimarães), que a histeria, a truculência e a universalidade em torno da teatral “pandemia”, através de medidas despóticas no Brasil, e, no mundo não passaram de obediência servil à palavra de ordem da chefia do comunismo internacional, destinada a dobrar pessoas e povos aos seus desígnios. Basta ver o carnaval histriônico encetado pela esquerda cabocla, vassala da esquerda mundial, com a “CPI do Circo”, ponto maximamente negligenciado pela mídia, pela alta burguesia cega, e pelos políticos, profissionais ou não profissionais. Este assunto, todavia não será aprofundado aqui por mera falta de espaço jornalístico.

E, assim aconteceu exatamente como denunciado acima. Poucos dias depois, a hipótese foi confirmada pelo início da descomunal invasão russa.

Percorridos vários meses (estamos no final de setembro de 2022), a Rússia e o mundo constataram o fracasso parcial da ofensiva militar. A corajosa Ucrânia, embora gravemente ferida, vem resistindo, galhardamente. A Rússia, então, diante do fracasso vergonhoso, passou a brandir de modo ameaçador o seu arsenal atômico[2]. Por qual motivo?

A extinta União Soviética (1922-1991) – aqui conhecida pela sinistra sigla URSS – comandada pela Rússia possuía, até sua dissolução, esmagador poderio de forças ditas “convencionais”, além, claro, de seu arsenal nuclear. Com a falência do antigo Império Soviético, quase todos os países até então escravizados dentro da “Cortina de Ferro” (Leste Europeu: povos bálticos, Polônia, Hungria, ex-Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária) romperam com a Rússia, que ficou, com isso, militarmente muito enfraquecida, ressalvado o seu formidável armamento atômico mantido, e, depois até ampliado[3].

Fracassando, logo em seu início, a ofensiva na Ucrânia, mas não desistindo a Rússia de dominar o mundo (em parceria com a China), viu-se ela na necessidade de se valer da ameaça nuclear, como estamos vendo nestes dias[4], porque seu armamento convencional já não permitia engolir toda a Europa, como tem sido seu plano desde a Revolução Bolchevique de 1917-1918. Tudo a está a indicar que a Rússia não só continuará com a invasão, como irá mesmo se valer de bombas atômicas e outros meios mais destrutivos, caso, por exemplo, a Ucrânia tente reaver seus territórios roubados mediante “referendos-farsa” organizados pela potência invasora[5]. O ex-presidente russo Dmitry Medvedev disse, na semana passada, que, uma vez integradas as chamadas repúblicas na Federação Russa, “nenhum futuro líder da Rússia, nenhuma autoridade será capaz de reverter estas decisões”[6]. Relata a agência noticiosa CNN, que em 2020, Putin assinou um decreto que atualizou a doutrina nuclear da Rússia permitindo o uso de armas nucleares “em caso de agressão contra a Federação Russa com o uso de armas convencionais, quando a própria existência do Estado está ameaçada”. Para piorar e muito o cenário, nos últimos dias “alguém” fez explodir o gasoduto Nord Stream (no mar báltico)[7], interrompendo o fornecimento do produto por vários dias.

Parêntese: embora inexistam até agora provas cabais acerca da responsabilidade pela explosão do gasoduto, é muito provável que tenha sido promovida pela própria Rússia – para chantagear a Europa Ocidental dependente do gás russo – e, principalmente, para forjar pretexto quanto à invasão de outros países. De maneira simétrica agiu Hitler para desencadear a Segunda Guerra Mundial (1938-1945). O ditador nazista mandou espalhar cadáveres com uniformes militares ao longo da fronteira entre a Polônia e a Alemanha, e, mediante tal artifício criminoso, acusou os poloneses de agressão – conluiado à Rússia com a qual havia encetado acordo infame através do Pacto Ribbentrop-Molotov – para repartir território polaco entre Alemanha e Rússia. Nesta altura, apesar de sua covardia diante de Hitler, Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha, explodindo o conflito que perdurou até a capitulação da Alemanha nazista, da Itália fascista e do Japão imperialista (1945).

Seja como for, a escalada bélica prosseguirá porque já inexiste possibilidade de recuo seja da Rússia, seja de seus adversários ocidentais. A guerra irá se alastrar até que a Rússia e a China – compactuadas, apesar dos fingimentos nos quais só os burgueses interesseiros e idiotas acreditam[8] – consigam subjugar todos, repito todos, os povos do Ocidente (e do Oriente) pela força bruta. Ou, o que não se mostra menos terrível, pressione as nações ocidentais, Estados Unidos inclusive, a aceitar “paz” suja e falsa através de um tirânico governo mundial escravocrata. Tal escravidão seria pior do que a morte!

Na impossibilidade de enfocar outros múltiplos aspectos da crise – pois este texto já ultrapassou as dimensões habituais de minha coluna no jornal local Nova Fronteira[9] – passo agora a cogitar sobre as conseqüências superlativamente danosas que advirão para nós aqui do sertão baiano e adjacências. Nem vou falar sobre o que poderá acontecer no resto do Brasil pelos mesmos motivos: prioridade e carência de espaço. Quero, porém, assinalar que as regiões litorâneas do Brasil – onde se concentra a maioria de nossa população, e, se localiza a maioria das capitais estaduais são especialmente vulneráveis. Não é possível demonstrar, mas quem pesquisar um pouco ou refletir um pouco chegará à mesma conclusão.

Visto assim o sumário panorama geral passemos, agora, aos efeitos próximos decorrentes do conflito, aqui para nós “capiaus” do MATOPIBA. Foi dito “próximos”, e  não imediatos porque, acredito sem muita certeza, que a hecatombe não começará amanhã. Pode, entretanto começar, porque a Rússia agendou para hoje (30-09-2022) a “oficialização” da tomada dos territórios ucranianos através dos referendos fraudulentos.

É sumamente remota a possibilidade de ataque armado de potência estrangeira aqui no sertão, pelo menos por enquanto. Inútil especular, portanto. Todavia, outras seqüelas vêm chegando a galope.

A primeira reside na crise econômica geral, universal, com não somente o  empobrecimento, mas miséria mesmo! Não a miséria verborrágica dos costumeiros demagogos – como pudemos ver ontem no debate entre os candidatos à presidência – mas miséria geral verdadeira, fome!

O comércio pesado internacional depende de navios. Estes – depois da verdade – são as primeiras vítimas da guerra – como meio de sufocar as economias dos países envolvidos. A Inglaterra quase soçobrou durante a Segunda Grande Guerra, até que conseguiu obter os segredos dos submarinos alemães que dizimavam sua frota mercante, e, passar a afundá-los.

A importação de fertilizantes – vital para nossa economia – ficará comprometida, tanto pelo afundamento dos navios mercantes, como pelo o medo de sujeitá-los ao naufrágio. O Brasil precisará, urgentemente, localizar e explorar as reservas minerais de potássio, e fósforo, e, enquanto não puder, e, se puder adquiri-los no exterior das fontes seguras, caso existentes. Sem adubos químicos não produziremos soja, milho, trigo, arroz, feijão, café, açúcar, entre outros. Se produzirmos, ficaremos impedidos de exportar pela mesma razão: fragilização do transporte marítimo. Seria de todo ingênuo acreditar que naves possam viajar até a China e a outras paragens sem que sejam submersas por bombas dos mais variados calibres, e afundem com cargas, por exemplo, de carnes.

O Brasil é produtor de petróleo – base do transporte moderno – mas depende de refinarias estrangeiras porque aquelas para cá projetadas submergiram na…corrupção política. Sem petróleo, ou com pouco petróleo nossos tratores ficarão ociosos. Só eles?

Também auferimos ganhos com outras exportações, especialmente do minério de ferro. As embarcações que o conduzem por acaso ficarão poupadas?

Paro por aqui, para não apavorar meus caros concidadãos com outras previsões tétricas plausíveis. Escrevi de mais… e, de menos.

Não foi abordado o tumultuado quadro pré-eleitoral – merecedor, sem dúvida de outra análise específica, seja pela precedência dos problemas internacionais, seja porque o povo tem seus olhos ofuscados, compreensivelmente, aliás, pelo debate político. É fácil perceber, porém, que o cenário internacional é muito mais assustador. Basta pensar um tanto, para aqueles que ainda pensam. Qualquer que seja o candidato vencedor – embora se possa antever quem o será – não evitará a tragédia planetária. Poderá mitigar a nossa. O que esperamos, também de outros políticos – exceto de certos indivíduos, como aqueles que quiseram afundar o País a pretexto da COVID-19 – e  de lideranças militares e civis autênticas, excluídos os cegos, os oportunistas e outros tantos que infelicitam o País. Recordam-se, caros e pacientes leitores do último artigo divulgado nesta coluna em 28 de agosto de 2022. De lá para cá os fatos caminharam céleres.

* O autor é advogado.

[1] https://www.traditioninaction.org/bev/264bev01_31_2022.htm

[2] https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/analise-ucrania-esta-expondo-a-podridao-profunda-na-maquina-de-guerra-russa/

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/ucrania-diz-que-14-200-soldados-russos-morreram-desde-o-inicio-da-guerra/

[3]https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2022/04/20/missil-balistico-intercontinental-da-russia.htm

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60564958: armas nucleares russas.

[4] Por exemplo https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/armas-nucleares-podem-ser-usadas-na-ucrania-diz-autoridade-russa/

[5] https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/09/27/referendo-russo-para-anexar-territorios-ucranianos-entra-no-ultimo-dia.ghtml

[6] https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2022/09/26/com-urnas-itinerantes-moradores-do-donbass-votam-em-plebiscito-sobre-anexacao-do-territorio-a-russia.htm

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/entenda-porque-vladimir-putin-vai-anexar-territorios-ucranianos/

[7] http://www.jdia.com.br/ver_noticia.php?noticia_id=25417

[8] https://veja.abril.com.br/mundo/russia-e-china-mais-amigos-que-nunca-coordenam-jogos-de-guerra-colossais/

[9] https://jornalnovafronteira.com.br/

Jornal Nova Fronteira