Suspensão de obras da Fiol deixam prejuízos para empresários da região Oeste
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Desde que foram suspensas as obras da construção da Ferrovia da Integração Oeste-Leste (Fiol), empresários que se prepararam para prestar serviços terceirizados, amargam prejuízos e não vislumbram solução para recuperar os investimentos feitos.

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Da redação JornalNF

Desde que foram suspensas as obras da construção da Ferrovia da Integração Oeste-Leste (Fiol), empresários que se prepararam para prestar serviços terceirizados, amargam prejuízos e não vislumbram solução para recuperar os investimentos feitos.

As obras foram suspensas em parte por recomendação do Tribunal de Contas da União e em sua maioria por atrasos de pagamento da estatal Valec, ligada ao Ministério dos Transportes. Sem receber do governo nos últimos meses, por causa do ajuste fiscal imposto pelo Governo Federal para fazer frente a crise criada por ele mesmo e a roubalheira generalizada que se instalou em vários setores da sociedade, inclusive na base aliada do governo, alguns consórcios desmobilizaram os canteiros de obras e demitiram os funcionários do projeto, o que inviabilizou a permanência de empresas terceirizadas nos canteiros de obras.

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Entre as empresas afetadas está a Lavanderia Pérola, de Barreiras, que investiu R$ 150 mil em maquinários e montou uma filial da lavanderia no canteiro de obras do trecho 4, na cidade de São Desidério.

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Segundo Sildo Stülp, sócio proprietário da Lavanderia Pérola, felizmente o recurso aplicado na compra dos maquinários é proveniente de capital de giro da empresa. “A empresa estaria passando por sérios apuros se os recursos fossem provenientes de financiamento. Foi um dinheiro economizado durante uns cinco anos e seriam investidos em outros projetos da lavaderia”, relatou o empresário, comentando que já colocou o equipamento a venda, mesmo sabendo que perderá no mínimo 30%. “Se conseguir vender, mesmo perdendo dinheiro, fico satisfeito. É melhor do que ficar com esse capital empatado e as máquinas desvalorizando a cada dia”, desabafou Sildo, isentando de culpabilidade a empresa ganhadora da licitação do Lote 4. “Tivemos o apoio do pessoal da empresa contratante, que de certa forma também foi prejudicada com a suspensão dos repasses de recursos do governo federal”.

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Sildo Stülp reclama ainda sobre a dificuldade de repassar esse maquinário uma vez que ele foi adquirido exclusivamente para atender os funcionários da Fiol. “Não tem nem como utilizar esses equipamentos aqui na empresa, por serem específicos para uma lavagem mais pesada, diferente dos serviços prestados pela lavanderia na cidade de Barreiras”, enfatizou o empresário.

Outra que investiu pesado e esteve em situação semelhante ao do empresário barreirense, foi uma empresa de Palmas/TO, responsável pelo restaurante do canteiro de obras. O proprietário financiou todo o equipamento do restaurante e comprou dois veículos, uma Kombi e um Fiat Fiorino, para levar marmitas aos 1200 funcionários que trabalhariam nos vários trechos da obra. Felizmente o restaurante ainda funcionou por um período e atendeu aproximadamente 400 pessoas, mas o empresário teve que levantar acampamento assim que todo o corpo funcional foi demitido.

Com 1.527 quilômetros de extensão, dos quais 1.100 km passam pela Bahia, as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) integram o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, com investimentos estimados em R$ 6 bilhões.

Quanto a paralisação das obras, o Governo do Estado ainda não se manifestou e aguarda definições sobre a aprovação do novo traçado que está sendo estudado pelo Governo Federal para atender solicitação do governo Chinês para que o trajeto deixe de seguir sentido Figueirópolis/TO e siga paralelo a BR 349, em Correntina, rumo a Campinorte/GO, o que permitirá o encontro com as ferrovia Norte Sul e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que passará pelos estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre, indo até um porto que está sendo construído no Per .

Sobre a localização dos novos portos secos, não há definições, pois mesmo com a alteração do traçado, o trecho que está em obras em São Desidério e Barreiras será mantido como um braço da Fiol. Isso permitirá manter a proposta inicial de uma estrutura de recebimento de grãos mais próxima das cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Apenas o porto seco previsto para o Distrito de Roda Velha deverá ficar de fora do novo trajeto, restando àquela produtiva região do Oeste da Bahia a sensação de perda e abandono.

Preocupados com o abandono da obra, deputados estaduais componentes da Comissão Especial da Fiol ouviram, em Brasília, durante audiência com o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, que as obras da ferrovia na Bahia deverão ser retomadas em breve. O ministro informou aos parlamentares baianos que serão disponibilizados, entre julho e dezembro, R$ 192 milhões exclusivamente para a obra.

Jornal Nova Fronteira