Casa da Fraternidade precisa do seu apoio
  • Compartilhe:

A primeira imagem que avistei no final da tarde ontem, 09, ao me aproximar da Casa de Apoio e Acolhimento Fraterno (CAAF), localizada na parte baixa do bairro Santa Luzia, foi a fila de crianças, jovens e idosos que se formava em frente à casa para receberem a solidariedade humana traduzida em uma vasilha de sopão que é servido todas as quintas-feiras para 50 famílias cadastradas.

Texto e fotos Eduardo Lena

A primeira imagem que avistei no final da tarde ontem, 09, ao me aproximar da Casa de Apoio e Acolhimento Fraterno (CAAF), localizada na parte baixa do bairro Santa Luzia, foi a fila de crianças, jovens e idosos que se formava em frente à casa para receberem a solidariedade humana traduzida em uma vasilha de sopão que é servido todas as quintas-feiras para 50 famílias cadastradas. Os moradores beneficiados residem nas proximidades da ‘Casa da Fraternidade’, como é mais conhecida em Barreiras. “São 50 famílias cadastradas, mas sempre aparecem outras pessoas em busca do sopão e quando sobra, acabamos oferecendo também”, disse Raquel de Oliveira Santos, uma das voluntárias da CAAF.

Entre as famílias cadastradas está a de dona Belarmina Nelvinda de Jesus, 80 anos. Moradora do bairro Santa Luzia, ela vive com o marido e afirma que a sopa é sua salvação. “Ajuda demais. Dá para nos alimentar durante dois dias. Se não fosse o sopão passaríamos fome”, ressalta a moradora, pedindo que as pessoas colaborem com a Casa da Fraternidade para que possa continuar ajudando as pessoas necessitadas.

Administrada e mantida por abnegados voluntários, a Casa da Fraternidade ganhou sede própria e foi construída com recursos do Fundo de Desenvolvimento Sustentável da Bahia (Fundesis) e há oito anos presta atendimento sócio assistencial aos familiares de pessoas de outros municípios que passam por tratamento médico nos hospitais de Barreiras e não possuem recursos para pagar hospedagem e alimentação.

Atualmente a Casa da Fraternidade possui 15 leitos divididos em duas alas, masculina e feminina. Para serem acolhidas no CAAF, as pessoas precisam ser encaminhadas pelas assistências sociais das unidades hospitalares de Barreiras e no local recebem café da manhã, almoço, janta e lanche entre as refeições, além de local para banho e pouso. Entre as pessoas que estão sendo assistida pela CAAF, está Antônio de Souza Ramos, 58 anos. Natural de Bom Jesus da Lapa, seu Antônio esteve internado no Hospital do Oeste por mais de um mês e recebeu alta com acompanhamento domiciliar. Como é hipertenso, diabético e hemofílico, seu Antônio precisa passar por sessões de hemodiálise três vezes por semana e por não ter esse tipo de serviço em Bom Jesus da Lapa, ele precisa de um local em Barreiras para ficar. “Meu pai teve alta do HO, com a indicação de atendimento domiciliar, mas em Lapa não tem local para fazer hemodiálise. Se não fosse a Casa da Fraternidade certamente meu pai já teria morrido”, desabafou Ainara Vaz Ramos, 25 anos, filha de seu Antônio, ressaltando que tem procurado uma vaga em Guanambi, cidade mais próxima a Bom Jesus da Lapa. “Enquanto não conseguimos um local em Guanambi temos que ficar em Barreiras e felizmente temos um teto e comida durante esse tempo. Aqui na Casa da Fraternidade encontrei pessoas de bem, entre elas dona Noêmia, que se tornou uma segunda mãe”, falou Ainara.

Manutenção
Atualmente a Casa da Fraternidade tem um custo fixo de manutenção de aproximadamente R$ 2.000,00, (luz, água, gás, telefone fixo e a ajuda de custo de dona Noêmia, a faz tudo da CAAF).

De acordo com Raquel de Oliveira Santos, que é funcionária do Banco do Brasil, a Casa da Fraternidade não possui convênios com órgãos públicos e os custos fixos são bancados com os recursos provenientes de doações, bingos, rifas, bazar de roupas e calçados, vendas de caldos em shows que são realizados em Barreiras e em alguns casos com recursos provenientes da Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas (Ceapa). “Tem meses que a conta não fecha e quando a coisa aperta, acionamos os amigos mais próximos e até mesmo retiramos dos nossos salários, pois não podemos fechar as portas”, relatou a voluntária.

Colaboradores
Para preparar as refeições servidas na CAAF, os voluntários contam com o apoio do comércio local. “Os ossos colocados no feijão e no sopão são doados pela Casa de Carne Primavera. As verduras são cedidas pelo Supermercado Igacenter, mas também já foram doadas pela Sacola Cheia. O abatedouro Frango de Ouro nos disponibiliza os dorsos dos frangos abatidos, enfim, vários estabelecimentos de Barreiras, sempre que acionados colaboram, mas tem vezes que a conta não fecha. Por isso pedimos aos moradores que puderem ajudar a Casa da Fraternidade com doações nos procurem. Para doação em dinheiro temos a conta corrente nº 27685-5, agência 0231-3, Banco do Brasil, em nome da Casa de Apoio e Acolhimento Fraterno, ou pelo telefone (77) 3612 4866”, disse Raquel.

Projeto social
As pessoas necessitam não só alimento para a corpo, mas também para a alma. Esse ano foi criado um projeto de leitura que é disponibilizado às crianças que pegam a sopa na CAAF. Todos os sábados, no período da tarde, é realizada uma dinâmica de leitura e distribuição de lanches para crianças com idade entre sete e 14 anos. “Queremos que o projeto vá além da distribuição de comida. Oferecemos um estímulo à leitura, uma vez que muitas delas não tem estímulo e alguns casos, acesso à livros. Há casos em que as salas de aulas são superlotadas e os professores não conseguem dar um atendimento personalizado para cada aluno e aqui nós proporcionamos atenção individual”, lembrou a voluntária.

Conclusão das obras
Entre as necessidades urgentes está a conclusão da obra do refeitório. Atualmente a cozinha está em um local improvisado, onde deveria ser o escritório, que foi deslocado para funcionar em conjunto com o quatro dos voluntários. No esqueleto da obra, onde deveria ser a cozinha e refeitório, dona Noêmia utiliza como lavanderia, local onde lava e coloca para secar as roupas de cama da Casa da Fraternidade e também as roupas dos acompanhantes de pacientes. “A obra de edificação do refeitório está pronta, faltando os acabamentos como reboco e pintura, piso, parte elétrica e colocação de porta e janelas, bem como o mobiliário”, enfatizou Raquel de Oliveira Santos.

Jornal Nova Fronteira