Quem canta e dança seus males espanta
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Em Vitória da Conquista, no ano passado, o Grupo de Cantoterapia Vidativa completou dez anos. Esse grupo da 3ª Idade faz parte do Projeto – Música: Linguagem da Emoção, da Pró-reitoria de Extensão- PROEX, da UESB-Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

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Sérgio Fonseca – s.de.fonseca@bol.com.br

Em Vitória da Conquista, no ano passado, o Grupo de Cantoterapia Vidativa completou dez anos. Esse grupo da 3ª Idade faz parte do Projeto – Música: Linguagem da Emoção, da Pró-reitoria  de Extensão- PROEX, da UESB-Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Desde o seu início tem sido administrado pela Profª Drª Virgínia Mendes Oliveira. No fim de 2015, alegando problemas de verbas, a UESB cancelou esse projeto, não mais cedendo a sala destinada aos ensaios e demitindo o organista que animava as reuniões desse grupo. A média da frequência era de cerca de 40 participantes por reunião.

Inconformados com essa atitude, os próprios participantes conseguiram a cessão gratuita de uma sala, uma vez por semana, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Todos os participantes se cotizaram para pagar, mensalmente, o salário do organista. E o programa vem se perpetuando, sem perda de participantes.

Ao longo desses anos, as vivências musicais se desenvolveram com os seguintes objetivos: a) promover o resgate sócio—cultural de cantos e danças ameaçados de caírem em desuso; b) a auto-estima pelo desenvolvimento de cantos e danças; c) a integração/participação através do contato amiudado e participativo ao longo dos anos que acabou transformando o Grupo Vidativa numa grande família, inclusive com encontros externos, passeios, reuniões, além das sessões musicais.
Ao longo do tempo, ocorreu a sensibilização d vários participantes para as delícias da música e da dança na 3ª. Idade. Para alguns deles, tanto a música como a dança tem servido de equilíbrio emocional.

O Grupo Vidativa tem feito, inclusive, apresentações públicas para a socialização, tanto em Vitória da Conquista como em outras localidades vizinhas. Ainda muito importante é o resgate de canções e brincadeiras “do tempo da vovó”, notadamente cantigas de roda, quase esquecidas hoje em dia.

No Grupo, predominam as mulheres (cerca de 80%)e elas são unânimes em achar que cantar, para elas, tem sido uma terapia. Além de melhorar o astral, cantar é um eficiente exercício para quem precisa espantar a angústia, a ansiedade e a timidez.

A cantoterapia é uma técnica que usa o canto para aliviar o estresse. Especialistas garantem que a prática faz a pessoa se conhecer melhor. Vale tudo: cantarolar com os amigos, cantar sozinho, no chuveiro ou no caminho para casa.

No Grupo Vidativa, há participantes de todos os credos e das mais diversas classes sociais e orientações religiosas, todos convivendo harmoniosamente. Para muitos, a frequência ao Grupo ajudou as quebrar sua solidão, trouxe novas amizades e novos interesses, mostrando que a 3ª. Idade , através da música e da dança pode ser muito divertida e uma fonte de prazer constante.

Platão (429 A.C.- 347 A.C.) em “A República” preconiza que a educação dos jovens comece na infância, somente com música e ginástica. “A ginástica porque preside ao crescimento e decadência do corpo”. A música, “pela influência do hábito, pela harmonia, tornando-os harmoniosos, pelo ritmo, tornando-os rítmicos” e a função da música, segundo Platão é desenvolver as sensibilidades estéticas e morais.

O filósofo francês Jean Jacques Rousseau (1671-1778) ao ingressar na 3ª Idade, definiu felicidade como “um bom saldo bancário, uma boa cozinheira e uma boa digestão”. Este cronista acrescentaria hoje, na lista de Rousseau, a participação em um Grupo da 3ª Idade, dinâmico, entusiasmado e harmonioso, como é o Grupo Vidativa.

Jornal Nova Fronteira