O TRABALHO INFANTIL
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Recentemente a imprensa noticiou que se jogava, no Algarve, loto a bolachas.

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Por Humberto Pinho da Silva – Porto, Portugal

Recentemente a imprensa noticiou que se jogava, no Algarve, loto a bolachas.

Como é proibido jogar fora do casino, excepto nos jogos da Santa Casa, os clientes foram identificados e levados para a esquadra.

Desconheço se além de bolachas, havia outro prémio…

Admiro de tanto zelo pelo loto ilegal, e passe despercebido que não há jardim público onde idosos não joguem. Não sei se a feijões se a dinheiro; mas duvido que haja tanto interesse pelos feijões…

Mas sempre foi assim: uns podem, outros não.

Se pai de família, por necessidade ou para ocupar o filho, coloca-o na loja a trabalhar, é considerado explorador de menores. Mas se anda com ele de terra em terra, pelas feiras e romarias, a cantar ou a fazer habilidades circenses, é louvado e aplaudido pelos mesmos que censuraram o comerciante.

Louvam igualmente e tecem elogios aos meninos “ prodígios” e igualmente aos progenitores que levam a criancinha a participar em novelas televisivas ou a filmes de grande metragem.

Têm que decorar longos diálogos, fazer filmagens cansativas que terminam, quantas vezes, pela madrugada, mas a sociedade hipócrita, admira, aplaude e elogia.

Anos há, apareceu na TV, rapazinho que nas horas de lazer entregava-se à pastorícia. Declarava o moço que gostava dessa vida e assim auxiliava o pai – agricultor remediado.

Levantou-se clamor – o menino andava a trabalhar, a prejudicar os estudos… se cantasse, representasse ou tocasse um instrumento, tudo estava certo…mas ser pastor e auxiliar o pai… nunca.

Os mais velhos recordam-se, certamente, de Nadia Comanneci, ginasta romena que participou nos Jogos Olímpicos. Soube-se que desde tenra idade era obrigada e castigada severamente, pela mais leve falta de atenção.

E Martina Higins, tenista, que treinava sem parar, porque os pais a obrigavam.

Quantas crianças são violentamente castigadas e privadas do merecido repouso para que brilhem no desporto e no meio artístico, sem que quem as explore sofra a menor censura. Condenável é incentivar as crianças a colaborarem nas lidas domésticas ou auxiliarem a família a equilibrar o orçamento familiar.
Mas se ganharem milhares ou milhões pelas salas de espetáculo ou no cinema e TV, mesmo em prejuízo da saúde e da educação, tudo está bem.

Como é hipócrita a sociedade em que vivemos!…

Jornal Nova Fronteira