O ESCRITOR NÃO MERECIA ISSO
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Ferreira de Castro era um menino de Ossela, Oliveira de Azeméis, que ao completar o ensino primário, abalou, em 1911, com doze anos, para o Brasil, em busca de fortuna, a exemplo de muitos portugueses do seu tempo.

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HUMBERTO PINHO DA SILVA – Porto, Portugal

Ferreira de Castro era um menino de Ossela, Oliveira de Azeméis, que ao completar o ensino primário, abalou, em 1911, com doze anos, para o Brasil, em busca de fortuna, a exemplo de muitos portugueses do seu tempo.

Após várias peripécias foi parar a Humaitá, à Vila Seringal Paraíso, em plena Amazona, onde viveu a adolescência, com gente rude, em tosca casa de madeira.

Apesar das vicissitudes e dificuldades financeiras e de habitar no sertão, longe de grandes centros, de bibliotecas e de quem o pudesse compreender, veria a revelar-se um génio da literatura, granjeando o respeito de mestres, não só portugueses e brasileiros, mas mundiais.

Suas obras encontram-se traduzidas e publicadas em vinte e dois países; e imortalizou-se com “A Selva”, e com ela o rio Madeira e Humaitá.

Veio-me, agora, parar às mãos, recorte da revista “Portugal”, cuja data desconheço, onde Abrahim Baze, da “Fundação Rede Amazónica”, relata o desprezo que o Município de Humaitá tem ( ou teve) pelo escritor.

Não sei se foi por ser português. Infelizmente, ainda persiste, mormente nas gerações mais velhas e incultas, incompreensível má vontade com Portugal; talvez  fruto da má-fé de professores.

Felizmente os mais jovens, mais evoluídos, começaram a compreender melhor a história do Brasil e do povo europeu.

Como ia dizendo, Humaitá, que ficou conhecida mundialmente, graças a Ferreira de Castro, despreza ou desprezou o escritor.

Houve Prefeito que impediu qualquer manifestação ao escritor(!) Chegou mesmo a fechar a biblioteca que tinha o nome do prosador, transferindo os livros para outro edifício, mudando-lhe o nome e deixando ao abandono a casa histórica que embelezava e enriquecia a cidade.

O Prefeito que assim agiu – desconheço a razão, porque o articulista não revela, – chegou a provocar a perda do acervo literário de oitenta e cinco por cento das obras da Biblioteca Ferreira de Castro.
Espero que tudo seja passado, já que o recorte que possuo, não está datado.

Creio que os responsáveis que se seguiram ao médico, que governou Humaitá, sejam mais cultos e compreendam que sem Ferreira de Castro, a cidade é povoação desconhecida, perdida na imensa selva amazónica.

Jornal Nova Fronteira