ATÉ OS CACHORROS ENTRAM!…
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No tempo da minha meninice havia na Igreja de Santo Ildefonso, no Porto, abade conhecido pelos ditos e atitudes.

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Por Humberto Pinho da Silva – Porto/Portugal

No tempo da minha meninice havia na Igreja de Santo Ildefonso, no Porto, abade conhecido pelos ditos e atitudes.

Certa vez presidiu a cerimónia de casamento, de casal elegante.

A noiva estava envolvida por lindo vestido branco, mas os decotes… não eram apropriados para ato dessa importância.

O velho abade reacusou realizar a cerimónia. Foi um burburinho medonho. Houve rogos, ameaças, e certamente insultos…mas o sacerdote fazia ouvidos de mercador: só casava pessoas vestidas.

Não houve outro remédio se não os cavalheiros despirem os casacos e cobrirem os ombros descobertos das senhoras, já que os convidados iam mais despidos que a noiva…

Noutra ocasião, dizem, que o famoso abade, ao ouvir, que na Igreja havia fiéis que eram grandessíssimos vigaristas, repostou de imediato:
– “ As portas estão abertas… até os cães podem entrar!…”

Vem a lengalenga a propósito do que escutei de amigo.” Os partidos políticos são associações de malfeitores.” Julgo que a frase é plágio do que disse líder comunista, mas posso estar equivocado.

Em regra, os partidos, são criados por gente honesta e de boas intenções. Mas as portas estão abertas: entram bandidos, vigaristas, os que querem subir nas empresas, os que procuram sucesso na carreira, os oportunistas, e também punhados de ideólogos, que labutam para o bem do povo.

Grande parte dos militantes – embora negue, – pouco se importam com a população, com o país, e muito menos com ideologias. Procuram interesses, e alguns, para se esconderem sob o “guarda-chuva” do partido…

O mesmo acontece, infelizmente, em certas associações e Igrejas.

Há quem deambule de denominação em denominação, em busca de cestas básicas; e há quem procure projeção social ou pecúlio, que lhe garante vida folgada.

Disse, um dia, já lá vão muitas décadas, Albert Aspey: que seria pastor feliz, se tivesse na sua paróquia, crente, verdadeiramente crente.

O que disse dos fiéis, digo eu de sacerdotes, mormente pastores, já que podem ter mulher, filhos, e quantas vezes, bons vencimentos.

Conheci, nos anos setenta, jovens que vieram de África, sem emprego, sem dinheiro, sem futuro. Procuravam, afadigadamente, ingressar em seminários, para serem pastores…Creio, que nem evangélicos eram…

Fundar uma “ Igreja”, pode ser bom negócio. Assim como ser evangelista. Muitos, tornam-se milionários. Possuem impérios à custa de dízimos e doações… e do dinheiro que arrancam a gente simples. Não digo: ignorante, porque há quem possua curso superior e ande sob a canga de espertalhões – leia-se: falsos profetas.

Pena é que seja assim, porque há evangelistas sérios, dignos de serem escutados e apoiados. Vivem modestamente, e vivem para ao Evangelho e não do Evangelho.

Como acontece em partidos políticos, sucede nas Igrejas – as portas encontram-se abertas. Tanto entram honestos, como desonestos. Os que buscam a Verdade, como os que procuram vantagens pessoais.

Difícil é conhece-los. São raposas com pele de ovelha. Muitas vezes o “fruto” está engenhosamente encoberto, que não é fácil descobrir os verdadeiros dos falsos.

Jornal Nova Fronteira