A PREGUIÇA E OS PREGUIÇOSOS
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Eu pensava, por a ter visto em fotografia, que conhecia a preguiça. Animal de aspecto grotesco, de caminhar lento, cor parda, que os índios brasileiros batizaram-na de unau. Mas não a conhecia: Não, senhor!

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Por Humberto Pinho da Silva – Porto/Portugal

Eu pensava, por a ter visto em fotografia, que conhecia a preguiça. Animal de aspecto grotesco, de caminhar lento, cor parda, que os índios brasileiros batizaram-na de unau. Mas não a conhecia: Não, senhor!

Assisti, recentemente, na TV, a curiosa cena de uma preguiça, atravessando da orla direita para a orla esquerda, de rodovia sertaneja.

O animal, pachorrentamente, estendia a pata, lentamente, muito lentamente… – como preguiça que se presa, – e só depois erguia a outra… para avançar escassos centímetros…; indiferente ao desespero dos automobilistas, que aguardavam a travessia da estrada.

Nem a cotucando, a preguiça, acelerava o passo. Por fim, camionista, impaciente, ou mais afoito, pegou no animal e colocou-o na berma esquerda, à entrada de densa floresta.

Essa cena, filmada por automobilista, fez-me recordar certas pessoas, que parecem ter nascido cansadas – como dizia o brasileiro:

Encontram-se, os nossos jardins, sulcados de pequenos carreirinhos, que cortam em diagonal, canteiros, feitos por preguiçosos ou apressados, que calcam descaradamente, a relva e as flores, só para não terem o incómodo de contornar a bordadura dos canteiros.

Também a preguiça leva que magotinhos de pessoas, permaneçam diante de sinais luminosos, aguardando a luz verde, sabendo que ao lado, há um botão, que pode acelerar passagem…

E não é raro ver as ruas cheias de papéis e invólucros de alimentos, comidos na via pública. Isso acontece, porque há a preguiça de lançar os desperdícios, nas papeleiras ou contentores, que abundam em todas as artérias.

Atitude preguiçosa, até proibida e perigosa, é atravessar nas paragens do “Metro”, pela via-férrea. Todavia é vulgar ver crianças, adolescentes e até adultos, a fazê-lo, e muitas vezes a escassos minutos da composição chegar à paragem!…

Outra atitude preguiçosa – diria melhor: imprudência, – é deixar a porta do prédio bem encostadinha, mas aberta, para não se ter o trabalho de buscar a chave, à bolsa ou ao bolso. E quando avisados do perigo de deixarem a porta aberta, respondem inocentemente: – “Fui só ali ao supermercado!”… E já não vale a pena falar da preguiça de condóminos que nunca aparecem às reuniões…

Muitos outros casos poderia relatar, e talvez mais importantes, mas todos conhecemos os preguiçosos. É coisa que não falta por este mundo…

Até há quem prolongue os estudos – não por falta de emprego nem dedicação à ciência, – mas para não ter que obedecer a horários e poder dormir a sesta, de papo para o ar! …

Jornal Nova Fronteira