A opinião de Robert Spaemann
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Robert Spaemann é um conhecido filósofo alemão, que nasceu em Berlim, no ano de 1927. É de parecer, que recordar Auschwitz, é dever de todos, mas não crê, que os jovens aprendam com os erros do passado.

Por Humberto Pinho da Silva

Robert Spaemann é um conhecido filósofo alemão, que nasceu em Berlim, no ano de 1927.

É de parecer, que recordar Auschwitz, é dever de todos, mas não crê, que os jovens aprendam com os erros do passado.

Não crê, porque os intelectuais de esquerda, que criticam – com razão, – as crueldades praticadas pelos nazistas alemães, esquecem – ou será que não conhecem a História!? – os crimes de Estaline…

Spaemann, considera que se fala demasiado do “Terceiro Império”, mormente na escola. “Isso provoca, em muitos jovens, um reflexo de aversão. Eles perguntam-se: que temos nós a ver com isso? E essa reação pode ir tão longe, que eles acabem por negar Auschwitz e se sintam atraídos pelos radicalismos de direita”.

Na entrevista que concedeu ao semanário “Der Spiegel”, a 20 de Novembro de 1995, conta: que a maioria dos alemães, do tempo do Hitler, conheciam o que se passava, mas não se incomodavam grandemente.

Narra, que certa ocasião, tinha 14 anos, entrou num autocarro, onde seguia um judeu, com a estrela ao peito.

Um jovem nazi, virou-se para ele e disse-lhe para se levantar e dar-lhe o lugar.

Obedeceu prontamente. Spaemann sentiu obrigação de oferecer o seu, ao judeu. Mas receou… Teve medo.

Ficou tão revoltado com o comportamento, que só pensava em derrotar regime tão cruel.

Mas – em sua opinião, – ninguém se incomodava com as barbaridades praticadas pelo regime: “Quase ninguém queria saber a sério… Agora, todos falam…”

Assevera que os soldados, que regressavam da frente, sabiam dos crimes que se cometiam: “Podiam saber, se quisessem”.

Preferiam: “ir na onda”…

Hoje, (1995), segundo Robert Spaemann, não é muito diferente: adaptam-se, sujeitam-se aos regimes vigentes.

Abro parênteses para acrescentar – a opinião é minha, –: a maioria dos cidadãos acomoda-se às circunstâncias: são de direita ou de esquerda, consoante os interesses. Mudam de ideologia, (até de religião!) de harmonia com as vantagens pessoais.

Há honrosas exceções. Há quem seja vertical, mesmo em situações adversas, mas são muito poucos.

A maioria, são como disse o filósofo, referindo-se aos alemães contemporâneos de Hitler: “Quase ninguém queria saber a sério”…

Jornal Nova Fronteira