Uma cidade sem parque

Publicada em 29/03/2016 às 10:06

Vinícius Lena

Não é de hoje que se que se fala – e este jornal reiteradas vezes abordou o assunto: nossa cidade necessita urgentemente de uma área de lazer que contemple o grande público. Mesmo porque, na falta de uma área reservada e segura para atividades, como caminhadas e esportes leves, a população em certa ocasião já se valeu – de forma inapropriada – da BR 242 que divide a cidade ao meio, pois além de atrapalhar o tráfego, que naqueles horários tinha que ser desviado para as laterais pondo em risco os usuários. Dentro deste enfoque, e preocupado principalmente com a trafegabilidade na BR 242 e a falta de área específica, o Ministério Público Federal já se manifestara convocando no dia 02/04/2008, uma audiência em sua sede de Barreiras com a finalidade de tratar deste assunto.

Desta audiência, em que estiveram presentes, a então prefeita do Município Jusmari Oliveira, o procurador da República, Fernando Túlio da Silva, o promotor Eduardo Bittencourt, o superintendente do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Saulo Filinto, que resultou na celebração do TAC  – Termo de Ajustamento de Conduta – em que, entre outras coisas, recomendava: a construção, imediata, de uma passarela metálica sobre o Rio Grande, unindo da Praça Landulpho Alves ao Parque de Exposições Geraldo Rocha. Bem como a reestruturação das áreas de lazer do referido parque, como iluminação e guaritas para a guarda municipal, etc. Tudo bonitinho, dentro do vidrinho. Porém até hoje, 29-03-2016, nada foi feito e nada se concretizou.

A todas estas, uma pergunta que nos atropela é: como teria ficado se houvesse permanecido até hoje aquela área de lazer nas curvas do rio, margem esquerda, apelidada de Baia da Guanabara, construída pelo então prefeito Saulo Pedrosa, ainda em seu primeiro governo, se tivesse sido mantida pelos prefeitos que o sucederam? Obra, diga-se, que à época gerou muita fofoca política, discussões de botequim, além de lhe servir de contrapropaganda em campanhas políticas, devido ao alagamento a que a área estava sujeita em determinada época do ano. Coisa também que se confirmou apenas uma vez mais.

Quem não se lembra que aquela área, quando foi inaugurada e aberta ao público em dezembro de 1995 havia pista para caminhadas, ou ciclismo, muro de arrimo à beira d’água, quadras de vôlei e futebol de areia com iluminação, canal ligando a parte alta com a parte baixa com pontes estilo japonês, que permitiam lazer às crianças, com segurança. E outras mordomias que constavam do projeto inicial, como um campo de baseball, para deleite da colônia nipo-brasileira muito numerosa em Barreiras, e… finalmente, havia também, no projeto inicial, uma passarela  sobre o rio Grande.

É bom lembrar que seu sucessor, o prefeito Antônio Henrique, no princípio de seu mandato (enquanto aliado), numa demonstração de que daria continuidade ao projeto, até o incrementou construindo sanitários e quiosques de piaçava. Parecia que, finalmente, a população – principalmente a que não tinha condições de ir ao Rio de Ondas em fins de semana – ganharia uma área de lazer à beira do rio, dentro da cidade. Pelo menos assim parecia.

Entretanto aconteceu que lá pelas tantas, Antônio Henrique “rompeu” com  seu tutor e ex-aliado, e o projeto, além de não ter continuidade, foi relegado ao interdito. A área foi fechada ao público, os quiosques “pegaram” fogo, e o projeto Guanabara foi abandonado. E hoje jaz à beira d’água retomado que foi pela natureza que o encobriu com um dossel verde.

Posteriormente, em seu segundo mandato, Saulo Pedrosa tentara retomar o projeto, iniciando o replantio de árvores, limpeza do local e serviços afins, que certamente reabririam a possibilidade de fazer, definitivamente, uma área de lazer naquele espaço. E os serviços só não foram adiante porque, mirando pelas lentes da política, o Ibama local  entrou na jogada, multou a prefeitura em 20 mil reais e embargou a obra. E não  deu continuidade ao processo aqui, mas  o  enviou ao Ibama de Brasília, com quem ficou a  última palavra.

Eis que o Ministério Público Federal, que à época da assinatura do TAC de 2008, exigia que prefeitura construísse uma passarela e reestruturasse o Parque Geraldo Rocha a fim de transformá-lo em parque da cidade, tomou chá de sumiço. E não tem mais se manifestado sobre este assunto. Será que aquele desprezado, mal falado e injustiçado Projeto Guanabara está mesmo fadado a permanecer no interdito?  E Barreiras, que cresce exemplarmente, está fadada a permanecer, apesar deste crescimento,  sem um Parque Público?

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