II Romaria do Cerrado reúne mais de duas mil pessoas em Correntina
  • Compartilhe:

Com público estimado em duas mil pessoas a II Romaria do Cerrado encerra intensa semana de atividades em Correntina no Oeste da Bahia.

cerrado

Por Robson Vieira

Com público estimado em duas mil pessoas a II Romaria do Cerrado encerra intensa semana de atividades em Correntina no Oeste da Bahia.

cerrado2

Com o tema “Cerrado em pé: a vida brota das águas” a Semana do Cerrado, ocorrida de 07 a 11 de setembro de 2015, foi de intensas atividades em Correntina. De iniciativa das comunidades, entidades, organizações e movimentos sociais que atuam na região, o evento contou com a participação de representantes de comunidades geraiseiras, fundos e fechos de pasto, quilombolas, estudantes, professores, agentes pastorais, sindicalistas, gestores públicos, vereadores, militantes socioambientais do campo e da cidade, de entidades e movimentos populares, do Oeste Baiano e de outras regiões.

cerrado1

Como parte da programação o IV Seminário do Cerrado aconteceu durante os dias 11 e 10 no Centro de Treinamento de Lideres (CTL) e contou com a presença de 82 pessoas, de 21 entidades que participaram de palestras e debates. Na ocasião as comunidades puderam apresentar suas realidades considerando os grandes projetos investidos no oeste da Bahia, resultando num gigantesco ecocídio.

Dentro da metodologia do Seminário foi realizada visita de campo a comunidade do Salto onde todos puderam conhecer nascentes que secaram ao longo das últimas décadas e também presenciar o exemplo de luta que aquela comunidade representa. “Fico muito feliz com a escolha dessa comunidade para visita, pois aqui vocês podem ver a nossa luta para defender nossas águas. E nós vamos continuar lutando até o fim. Pelo Cerrado damos nossas vidas”, diz Nego do Salto, lavrador e defensor do Cerrado.

No dia 11, Dia Nacional do Cerrado Brasileiro, aconteceu a II Romaria do Cerrado que contou com a presença de cerca de 2.000 pessoas de 24 municípios e percorreu as ruas de Correntina levando reflexões, faixas e palavras de ordem alertando para a necessidade de tomadas de consciência convidando a população para um pacto de defesa e envolvimento com o Cerrado.

No percurso foram realizadas paradas nas quais foram lembradas a importância da agricultura familiar como modelo exemplar de respeito e convivência harmoniosa entre ser humano e natureza, sendo responsável pela manutenção do alimento na mesa do brasileiro, exatamente, ao contrário do que faz o agronegócio. Foi também realizada mística rememorando os mártires Eugênio Lyra, Zeca de Rosa e Isaias Cândido, que tombaram lutando em defesa do Cerrado.

cerrado3

Na sequência, nas águas do Rio Correntina, que corta a cidade, foi realizada outra parada onde foi feita analise análise do rio que está com sua vazão visivelmente comprometida. Os participantes chegaram a atravessá-lo caminhando haja visto agravamento do processo de assoreamento.

cerrado4

O momento final da romaria aconteceu dentro da Igreja Nossa Senhora da Glória, no centro da cidade, onde foi anunciado o município de Canápolis como sede da próxima Semana do Cerrado no ano de 2016.

Na ocasião foi lida a CARTA DE CORRENTINA (que segue anexa), documento gerado por realização da Semana do Cerrado, que trata de denúncia e compromissos em defesa do ecossistema. “Em menos de 50 anos, o avanço do agronegócio nos Cerrados, em especial no Oeste Baiano, consumiu cerca de metade do que a natureza gastou milhões de anos para criar e existia há 65 milhões de anos! É sombrio e angustiante constatar a destruição do bioma mais antigo, central no Brasil, decisivo para a existência dos outros biomas que no conjunto fazem a riqueza natural única e um dos diferenciais deste País. Nossa última esperança era que a crise hídrica atual, pela primeira vez generalizada em todas as regiões, e as mudanças climáticas globais nos levassem a cessar a destruição do Cerrado, berço de nossas águas e de toda vida. Mas não é o que esta Semana do Cerrado nos revelou!”, consta no fragmento do documento.

A realização da Semana do Cerrado se consagra como símbolo de luta e defesa do mais antigo bioma brasileiro.

Jornal Nova Fronteira