NÃO PRECISO DE MISSAS PARA REZAR
  • Compartilhe:

Andava a ver as montras na Rua de Santa Catarina, no Porto, quando senti bater-me levemente no ombro. Olhei, e vi meu amigo Zé Maria, que trazia seu diário, debaixo do braço.

humberto

Por Humberto Pinho da Silva _ Porto, Portugal

Andava a ver as montras na Rua de Santa Catarina, no Porto, quando senti bater-me levemente no ombro. Olhei, e vi meu amigo Zé Maria, que trazia seu diário, debaixo do braço.

Parei. Fez-me o questionário habitual: como estava de saúde; se tinha escrito muito; quando ia tomar café com ele… Respondi como pude.

Estávamos perto da Capela das Almas, quando o Zé disse-me uma novidade, pelo menos para mim: – A Editora Paulus publica revistinha com o ordinário da missa, orações e Evangelho do dia. A revista é mensal e vendida por quantia acessível.

Procurei logo adquirir o exemplar do mês – o que não foi fácil, – e no domingo seguinte, fui todo lampeiro, à missa.

Abri o livrinho e fiquei encantado. Estava lá tudo… até que, de um momento para outro, perdi-me. O sacerdote enveredara por outros dizeres e não tive outro remédio senão responder atabalhoadamente, algumas vezes aos soluços ou repetindo o que ouvia.

Desiludido fui a outra igreja. Então foi muito pior. A diferença era notável. No fundo tudo estava lá, ou quase tudo… mas por outras palavras e ordem diferente.

Estava habituado, na juventude, a levar comigo o missal. O sacerdote celebrava em latim e eu lia em português.

Depois tudo se baralhou. Passei a repetir o que ouvia…

Contei a minha desdita ao Silvério, velho companheiro de infância, e ele sai-se com esta: – “Eu também me atrapalho, mas deixo-me ir… às vezes até digo só metade, outras vezes tão perdido estou, que calo-me. E até ajudei à missa, quando era pequeno…”

Perguntei a outros conhecidos. Todos confessaram – alguns envergonhados, – que não passam de imitadores: ajoelham-se, levantam-se, sentam-se, quando o vizinho do banco faz….

É triste que assim seja. O templo devia ser local de oração. Mas quem pode participar devidamente se não sabe, ao certo, o que deve fazer?

No Brasil há, na entrada das, igrejas, jornalzinho, gratuito, que tem o ordinário e as orações de domingo. Verdade é que nem sempre o padre se guia por ele, mas a maioria segue o que vem impresso. Na nossa terra, nada existe: nem folhas volantes com o ordinário, e muito menos hinários.

Como querem que a juventude vá à missa, se não sabe como se portar, nem sabe o que vai lá fazer?

Certo jovem, quando perguntei porque não frequentava o templo, respondeu-me:
– “Rezo em casa, quando me apetece. Não perco tempo com missas… Até me sentem mal…Prefira ir à igreja quando está vazia…

Depois admiram-se que os templo seja pouco frequentado… Como querem cativar as pessoas, se são poucos os que conhecem o que é a missa e como se devem portar no templo.

Jornal Nova Fronteira