A Rapozinha de Goís
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Dizem, que não há animais maus. A maldade, é, muitas vezes, forma de defesa. Todos os bandidos perigosos, têm momentos de ternura. A má conduta, é, em regra, devido à educação, e ao meio em que viveram ou vivem.

 

Por Humberto Pinho da Silva – Porto/Portugal

Dizem, que não há animais maus. A maldade, é, muitas vezes, forma de defesa. Todos os bandidos perigosos, têm momentos de ternura. A má conduta, é, em regra, devido à educação, e ao meio em que viveram ou vivem.

Não é verdade, que o cachorro, é, quase sempre, o reflexo do dono? È que o animal, “copia”, sentimentos e reações, de quem cuida dele.

Tudo isto vem a propósito, do que li, num jornal beirão: “O Varzeense”, de 15 de Fevereiro, do corrente ano.

Narrava o periódico, que estando em casa, determinada senhora, mencionada apenas com o nome de Maria, ouvira barulho estranho, na varanda de sua casa.

Era ao fim da tarde. Estava já escuro. Abriu a porta, e deparou com uma raposa, que a olhava de olhos mansos.

Como ouvira falar, que andava a rondar, a aldeia, uma raposa inofensiva, a senhora Maria, apiedou-se do animal; e, logo pensou procurar comida, já que os incêndios devastadores das florestas, deixaram-na, provavelmente, sem recursos, para se alimentar.

Dirigiu-se, então. à cozinha, para buscar um bocado de carne.

Aproximou-se, receosa, a rapozinha, e veio comer à sua mão.

Depois… ganhando confiança, entrou em casa, e “jantou”, perante o espanto e receios da gata, que olhava amedrontada para a intrusa, que se portava como um cão.

Ficou a senhora Maria, espantada, quando, afoitamente, passou a mão, levemente, na cabeça. A raposa, como que a agradecer-lhe o “jantar”, pôs-lhe as patas, nas pernas, tal qual, cachorro manso e grato.

Certamente gostaria de ter ficado com ela; cuidando da rapozinha, mas era-lhe impossível. Limitou-se a tirar-lhe uma foto, como recordação da cena comovedora.

Ao contar tudo isso, a senhora Maria, formula um pedido: se virem a rapozinha, não lhe façam mal. Simplesmente dêem-lhe de comer.

Ao ler a notícia, lembrei-me do lobo da Porsiúncula, que todos temiam, e que S. Francisco, dando-lhe de comer e cuidando dele, transformou-se num cãozarrão manso e humilde.

Muitas vezes os animais (e as pessoas) são maus e ariscos, porque não encontraram quem os compreenda, e lhes dê um pouco de carinho.

Como o Mundo se transformaria, se todos espalhassem sorrisos e palavras de amizade, sem o interesse de serem retribuídos!

Todos buscam compreensão e ternura; até a raposa selvagem de Góis, soube agradecer, a quem a recebeu com amizade e amor.

Jornal Nova Fronteira