Ricardo Prado lança livro de fotografias sobre romeiros de Bom Jesus da Lapa na próxima quarta-feira, 16, no Ciranda Café
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Por Mariana Vaz Epifania. O momento da revelação, da compreensão da essência de algo sagrado, batiza o mais novo trabalho do fotógrafo Ricardo Prado, um livro de postais que congrega em formato de bolso 30 fotografias cuidadosamente selecionadas dentre os mais de seis mil registros feitos em cinco anos de pesquisa entre os romeiros de […]

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Por Mariana Vaz

Epifania. O momento da revelação, da compreensão da essência de algo sagrado, batiza o mais novo trabalho do fotógrafo Ricardo Prado, um livro de postais que congrega em formato de bolso 30 fotografias cuidadosamente selecionadas dentre os mais de seis mil registros feitos em cinco anos de pesquisa entre os romeiros de Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia. A romaria, que teve início no século XVII, é uma das três maiores do país e atrai todos os anos milhares de fieis. O livro Epifania será lançado no dia 16 de dezembro, a partir das 19h, no Ciranda Café no Rio Vermelho.

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Realizado com apoio financeiro do Fundo de Cultura do Governo do Estado da Bahia, Epifania é o segundo desdobramento da pesquisa do fotógrafo que, em 2013, realizou a Exposição Fé, no Teatro Castro Alves, com grande repercussão de público e crítica. O poeta José Inácio Vieira de Melo, que na exposição Fé criou poemas inspirados nas imagens do fotógrafo, está presente também em Epifania com dois dos textos que compuseram a mostra.

“Mais que retratar a dimensão estética da fé, Epifania promove uma reflexão sobre a identidade baiana, com um produto de acabamento primoroso, para ser compartilhado, nesses tempos em que o hábito de trocar correspondências praticamente acabou”, diz Ricardo Prado, lembrando o célebre texto do sociólogo alemão Walter Benjamin sobre a reprodutibilidade técnica popularizando a obra de arte. “Transformar em quadros os postais destacáveis é uma das muitas possibilidades que o livro oferece, com a vantagem de serem fotos oficiais, de uma tiragem de dois mil exemplares”, explica Prado.

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Ainda não tão conhecida – e estilizada – como outras manifestações religiosas baianas, como a festa de Yemanjá, em Salvador, ou da Boa Morte, em Cachoeira, a Romaria de Bom Jesus da Lapa impressiona pela monumentalidade, pela atmosfera de transe e catarse, mas também chama atenção por cada parte que compõe o todo do evento. Pessoas que enfrentam os mais desafiadores obstáculos, movidos em peregrinação pela crença obstinada na entidade invisível, seja para pedir ou agradecer. A romaria move a economia local e é composta principalmente por pequenos agricultores que depositam no Bom Jesus a esperança da chuva farta, da boa colheita, da cura para as doenças, e da felicidade familiar.

A natureza e o relevo peculiares do lugar, um maciço de calcário de 90 metros de altura, recortado em grutas e galerias, compõem com a diversidade de tipos humanos e objetos religiosos uma infinidade de texturas exploradas pelo fotógrafo com sensibilidade.

Ricardo Prado:

Formado em Comunicação Social, Ricardo Prado, 40 anos, atua como fotógrafo profissional desde 97 nas áreas de fotojornalismo, documentário e foto publicitária. Seus trabalhos já foram publicados nos principais veículos de comunicação da Bahia e do Brasil. Realizou as exposições individuais Fé (Teatro Castro Alves/2013), Odé de Iyá (Ciranda Café/2013), Odoyá Mãe do Rio (Galeria Jaime Figura – Teatro Gamboa/2009) e Romeiros de Pedro Batista (Santa Brígida-BA/2001) e é autor das fotografias do livro Busca Vida – Um Mar de Histórias, lançado em 2015.

Jornal Nova Fronteira