– “Olha, minha filha: esta casa, onde nasceste, é para ti. Teus irmãos, todos possuem cursos superiores e estão bem na vida…” – dizia a mãe, à filha solteira, que vivia com ela.
Após sua morte, o Cabeça de Casal, como era seu dever, fez partilhas e coube à caçulinha (que não tinha curso superior,) quinhão igual aos seus irmãos…
Em menino, ia passar as férias de verão a típica aldeia transmontana, no distrito de Bragança.
Havia nessa povoação, velho homem, muito rico, dono de vastas propriedades, que asseverava, em alta voz, que a quinta, onde vivia, era, após sua morte, para o feitor.
Justificava a atitude, porque não tinha herdeiros forçados, e tanto o feitor, como sua mulher, cuidavam não só dos campos, mas também dele, com amizade e dedicação.
Depois do falecimento, os sobrinhos, apossaram-se da quinta e despediram o dedicado feitor, não se importando com o que o tio dizia.
Estes dois exemplos, servem, perfeitamente, para ilustrar o que pretendo dizer: as promessas, são, quase sempre, como se diz vulgarmente: “Para levar a água ao seu moinho”; porque ficam sempre na boa vontade, e não no papel…
Quem não conhece as promessas feitas em encontros e convívios de familiares e amigos: “Hei de trazer-te o relógio, que tanto gostas”; “Quando for à aldeia, vou trazer-te limões. Temos tantos que até deitamos fora!…”: “Olha: tenho roupinhas que já não servem ao meu menino. Vou escolher as melhores para te dar”.
Ou então:
“Havemos de ir tomar café um dia…”; “Vamos combinar um passeio a Arouca”; “Depois telefone-te”; “Tens que vir a minha casa, qualquer dia…”
Promessas, promessas…; mas quem as cumpre?
Nem só os políticos prometem, para ascenderem ao cargo que tanto desejam, para depois de o alcançarem, se olvidarem das promessas que fizeram. Todos nós – uns mais que os outros, – prometemos, com intenção preconcebida de não cumprir.
Não é por mal. É falar por falar. Forma de ser simpático, ou simplesmente: deitar conversa fora.
Não pode ser de outro modo, pois se chegamos a prometer, a nós próprios, o que não desejamos fazer!…
Quem nunca disse: “Um dia faço isto e aquilo”, na certeza, que esse dia nunca chegará, nem queremos que chegue?
Ou adiamos, semana após semana, tarefas que não desejamos encetar, porque estamos convencidos que nos falta a coragem de meter ombros a tão trabalhoso trabalho.
Passamos a vida a prometer: Prometemos para obter vantagem; prometemos para iludir; prometemos, até, negociando com Deus: “Dou-te isto, se me deres aquilo!”
Prometemos sempre… e em regra, não cumprimos.
Todavia não aceitamos, de bom grado, quando os outros não cumprem as promessas. É que é mais fácil censurar, que reparar os próprios erros.