Percepções sobre a realidade da Igreja
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Como vai a nossa religião católica? O que esperar? Quando faço essas perguntas às vezes me entristeço. Não porque não tenha esperança e nem porque eu não creia que a Igreja é conduzida e sustentada pelo Espírito Santo. Todos somos servos da obra Dele, mas o que vemos e ouvimos por vezes nos desanima. Isso porque acreditamos no bem que a Igreja pode fazer na vida das pessoas.

 

Padre Ezequiel Dal Pozzo
www.padreezequiel.com.br

Como vai a nossa religião católica? O que esperar? Quando faço essas perguntas às vezes me entristeço. Não porque não tenha esperança e nem porque eu não creia que a Igreja é conduzida e sustentada pelo Espírito Santo. Todos somos servos da obra Dele, mas o que vemos e ouvimos por vezes nos desanima. Isso porque acreditamos no bem que a Igreja pode fazer na vida das pessoas.

Tenho viajado e encontrado diferentes realidades. Realidades que não se vê ficando num só lugar. Me pergunto o que Jesus quer mesmo de nós? Me preocupo em ajudar as pessoas a pensar. Dar fundamentos e clareza para a fé. Ajudar a compreender o ser humano, suas escolhas e história, mostrando que viver em Deus pressupõe essa compreensão. Não acredito em qualquer pregação. Não acredito numa Igreja cheia de normas. Não acredito em pregações apenas doutrinais longe da realidade. Não acredito em pregações apenas existências onde se conta histórias de vida, sem interpretá-las. Não acredito no fundamentalismo bíblico ainda muito presente. Não creio que basta dizer que Jesus é Deus e tem poder. Não creio que a Igreja se sustentará apenas dizendo que você pode entregar os problemas para Jesus e Ele resolverá. Não creio que uma fé sem razões e com fraca teologia consiga ser proposta de vida para as novas gerações. Não creio em lideranças de comunidades que se tornam funcionários do sagrado, que se consideram indispensáveis na comunidade e pensam que não há ninguém para substituí-las.

Creio no anúncio de Deus como puro amor. Gosto de olhar para o Jesus da Bíblia como aquele que passou fazendo o bem. Olhava para as pessoas e se preocupava com elas. Não se perdia em coisas periféricas. Anunciou o Pai não com doutrinas e regras, mas na prática do amor. Gosto de refletir sobre o ser humano, as angústias e esperanças desse tempo.

Estive nos Estados Unidos. Foi uma experiência muito boa porque pude ouvir pessoas e perceber a realidade. Percebe-se que a Igreja perde força. Paróquias estão fechando. As pessoas já não querem saber de religião. Não estamos mais convencendo a sociedade desenvolvida. Claro, pequenos grupos se mantêm, mas isso preocupa.

O que fazer diante disso? Talvez o Papa Francisco seja a maior inspiração viva. Só que se percebe que não estamos aprendendo muito com ele. Linguagem simples de coisas profundas, atitudes acolhedoras, pensamento aberto às diferenças. Parece que Ele consegue trazer presente o Jesus da Bíblia, porque em muitas comunidades e pregações me parece que esse Jesus já não está presente. Precisamos urgentemente recuperar o espírito e a prática de Jesus, da simplicidade e do amor.

Jornal Nova Fronteira