Moradores de assentamento em Riachão das Neves vivem há 17 anos sem água encanada
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Os moradores do assentamento Rio Branco, localizado no município de Riachão das Neves, no oeste da Bahia, vivem há 17 anos, desde que a comunidade foi fundada, sem abastecimento de água. Para fazer a limpeza de casa e cozinhar, as cerca de 200 famílias utilizam a água do rio que batiza o assentamento.

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Fonte G1.com/BA | Fotos TV Oeste

Os moradores do assentamento Rio Branco, localizado no município de Riachão das Neves, no oeste da Bahia, vivem há 17 anos, desde que a comunidade foi fundada, sem abastecimento de água. Para fazer a limpeza de casa e cozinhar, as cerca de 200 famílias utilizam a água do rio que batiza o assentamento.

O lavrador João Neves Santana conta que desde que se mudou para a comunidade, pegar o carrinho de mão, colocar os baldes e andar quase três quilômetros para pegar água é parte da rotina.

“Tiveram casos de eu pegar um balde de 20 litros nas costas, e aí chegava em casa, os filhos e netos todos aí. Só era tempo de chegar e ter que voltar, porque já tinha acabado [a água]”, diz o lavrador.

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Algumas famílias instalaram rodas d’água no rio, um sistema que leva a água para as casas. A roça do lavrador Clériston Santana tem esse sistema, mas ele diz que as rodas d’água não resolvem o problema da falta de abastecimento. “Tem roda d’água que às vezes quebra, e a gente fica sem água. Aí tem que ter a caixa”, afirma.

O imóvel de Clériston também possui uma caixa d’água com capacidade para 5 mil litros, entretanto o lavrador só consegue manter o equipamento cheio quando a roda d’água funciona. “É um sacrifício. Tem que ir no rio, pegar em um balde, camburão, alguma coisa, para beber, lavar, cozinhar”, explica.

Até a escola do assentamento sofre com a ausência de água encanada. Para limpar a escola, fazer a merenda e lavar os pratos, a responsável pelos serviços gerais, Maria Aparecida, utiliza água da chuva, que é captada por uma caixa no local.

Os assentados dizem que já procuraram o Incra e a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb), para tentar encontrar uma solução para a falta de abastecimento mas, segundo eles, nenhuma providência foi tomada.

“Infelizmente, o Incra nos abandonou aqui dentro do assentamento. Estamos aqui sofrendo com essas rodas d’água. Fizemos o último pedido [de abastecimento] em 2015, para a Cerb de Salvador e de Barreiras. Nós não aguentamos mais, porque já tem 17 anos de sofrimento aqui dentro”, afirma Manoel da Silva, presidente da Associação dos Moradores do assentamento.

Em nota, a superintendência regional do Incra na Bahia disse que firmou uma parceria com a Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, do Governo do Estado, para implantar sistemas de abastecimento de água e levar água potável para assentamentos rurais. Segundo a nota, o projeto Castelo Beira Rio III, localizado em Riachão das Neves vai fazer parte dessa ação. Com relação às escolas e postos de saúde situados em áreas de reforma agrária, o Incra informou que cabe a ela apenas conceder o espaço para a construção das infraestruturas, que são geridas pelo estado ou pelas prefeituras.

A reportagem também procurou a prefeitura de Riachão das Neves e a Cerb, para saber sobre as medidas tomadas pra levar água para o assentamento, mas até o fechamento da reportagem, não houve resposta.

Jornal Nova Fronteira