EMPRESTAR LIVROS
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Em tempos de juventude, possuía pequena biblioteca, adquirida com grande sacrifício, já que o dinheiro não abundava.

Por Humberto Pinho da Silva – Porto/Portugal

Em tempos de juventude, possuía pequena biblioteca, adquirida com grande sacrifício, já que o dinheiro não abundava.

Eram dezenas de livros. Não digo que fosse uma boa biblioteca: porque não se avalia pela quantidade, mas pela qualidade das obras. Tinha de tudo.

Em certo mês de Agosto. Agosto soalheiro e quente, sai de férias. Hospedei-me em modesta pensão, onde a filha da proprietária, estudava em Coimbra, na Faculdade de Letras.

Comigo levei alguns livros, que considerei imprescindíveis, para ler, antes de me recolher.

Um deles era o famoso romance de Joaquim Paços D’Arcos: “Ana Paula”, que a crítica incensava na mass-media.

Nessa época, a escolha de livros, para a minha biblioteca, era baseada na crítica e na publicidade: diziam que era bom…; comprava.

A estudante coimbrã, viu o romance, e teve curiosidade de conhecer a obra.

Eu sabia, porque meu pai sempre me recomendara: “livros não se emprestam…” Mas, a aluna universitária era simpática…; bonita… e filha da dona da casa. Que mal havia em ser amável?

Assim pensei. Assim fiz.

Decorridos dias, o volume foi-me entregue… em folhas soltas.

Nunca peço emprestado seja o que for, mas há quem não possa ver uma biblioteca, sem pedir um livro.

Em regra, livro que sai da estante, raras vezes volta, e se volta, é em péssimo estado.

Não digo que o façam por mal…; mas por desleixo. Estão servidos. Para quê preocupação?
Deste jeito, ao longo dos anos, todos nós – mesmo ao que não gostam de emprestar, – vamos perdendo muitas obras, que pertenciam à família, ou que adquirimos para nosso regalo.

É pena que não se respeite o que não é nosso.

Jornal Nova Fronteira