É marketing ou é parafuso?
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Eu não gosto de “Mesa de Compras”, pronto falei. E para contratar serviços de marketing, acho um grande absurdo. Pelo visto a PepsiCo concorda comigo! Eles acabaram, mundialmente, com esses departamentos.
Márcio Viana, diretor Geral da Associação de Marketing Promocional (Ampro) - capítulo Nordeste. Foto: Saulo Kaynuma

Márcio Viana, diretor Geral da Associação de Marketing Promocional (Ampro) – capítulo Nordeste. Foto: Saulo Kaynuma

 

 

Eu não gosto de “Mesa de Compras”, pronto falei. E para contratar serviços de marketing, acho um grande absurdo. Pelo visto a PepsiCo concorda comigo! Eles acabaram, mundialmente, com esses departamentos.

Não, minha ex-namorada não trabalha em um Setor de Compras. Não, não fui despedido de um e nem tenho nada pessoal contra alguém de lá. A questão é que até hoje eu nunca vi uma unidade dessa ter um olhar sustentável com o mercado.

Até mesmo nos clientes que dizem usar profissionais que sabem diferenciar “parafusos” de um “produto de marketing”, os processos de compras só focam no ganho imediato. Sob um olhar superficial isso pode parecer desconfortavelmente natural, afinal, eles são remunerados para aumentar os ganhos de suas empresas.

Acontece que se isso for feito de forma predatória e a qualquer custo, enfraquece o mercado de agências e fornecedores que passam a se digladiar e praticar preços que não se sustentam a longo prazo. No final, alguns acabam em uma situação de risco de falência. Não raro se ouve fornecedor dizendo “para aquela empresa eu não trabalho”. Alguns podem dizer “paciência, problemas deles”. Mas não é tão simples. A corporação que compra também acaba perdendo. Boa parte dos fornecedores passam a não entregar com a mesma qualidade. E aí, na próxima rodada de “compras”, ou ele não participa porque não vale a pena, ou não participa porque quebrou. Essa informação roda o mercado. As empresas e fornecedores começam a ter medo de trabalhar com aquele cliente, pois já viram que ele não usa um modelo sustentável. As que concordam em entrar, sabendo que serão espremidas ao limite, precisam se programar para investir o mínimo possível durante o contrato e isso vai conduzir novamente a uma entrega fraca. Esse é um ciclo que se renova e não é virtuoso. A atitude que a PepsiCo nos apresenta hoje traz uma esperança para o mercado. A chance que agora ela tem de desenvolver mais parceiros, que de fato se envolvam com sua marca é grande, e ela sabe disso.

Agora é torcer para que outras empresas percebam rapidamente que a grama dela é mais verde e, claro, que levem a ideia para seus jardins.

 

 

Jornal Nova Fronteira