Deus se interessa por nós: O que agrada a Deus?
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Santo Irineu afirmava: “A Glória de Deus é o homem vivo”. Essa frase é uma intuição verdadeira e nem sempre explorada nas suas consequências. O que diz na verdade esta frase? Ela diz que não tem sentido buscar Deus senão para encontrar a plenitude. O Deus que eu amo e aprendo a amar precisa ir melhorando aos poucos a minha vida, tornando-a mais plena. Isso não deve soar como exigência nossa para com Deus.

Santo Irineu afirmava: “A Glória de Deus é o homem vivo”. Essa frase é uma intuição verdadeira e nem sempre explorada nas suas consequências. O que diz na verdade esta frase? Ela diz que não tem sentido buscar Deus senão para encontrar a plenitude. O Deus que eu amo e aprendo a amar precisa ir melhorando aos poucos a minha vida, tornando-a mais plena. Isso não deve soar como exigência nossa para com Deus. Ou seja, não no sentido de que se eu amo a Deus ele tem que ir me melhorando, me ajudando, mas no sentido de que a minha relação com Deus precisa desenvolver em mim um processo gradativo de melhora, um pouco por dia. Não teria sentido buscar a Deus se isso não trouxesse mais plenitude a vida de quem o busca.

A sensibilidade para perceber isso vem da afirmação de um jovem: “Que diferença Deus faz na vida das pessoas? Vejo gente a buscá-lo e, no entanto, não demonstram atitudes de amor e nem me parecem pessoas melhores. Se a busca de Deus não faz nenhuma diferença prefiro continuar vivendo a minha vida, vivendo a fé do meu jeito”. Essa é uma manifestação que manifesta uma intuição profunda e está de acordo com a sensibilidade atual. O Deus que buscamos, na sua oferta de amor, deve me tornar mais humano e não mais raivoso e desumano. Neste sentido, o quanto humano eu sou sempre passa pelo crivo dos outros. Eu posso me achar humano e bom, mas quem precisa dizer isso de mim são as pessoas que se relacionam comigo.

Outro aspecto importante que complementa esse pensamento é o fato de que Deus não é religioso. O interesse primeiro de Deus pelo ser humano não está na dimensão religiosa. Está sim, no ser humano concreto e inteiro. A Deus não interessa somente a experiência do sagrado que as pessoas fazem, considerando tudo o resto profano. Isso significa dizer, Deus fica contente comigo quando estou rezando e quando estou fazendo coisas que não estão ligadas ao sagrado, ao religioso, ali Deus não se interessa.  Essa compreensão seria um espiritualismo, que se expressa bem nas afirmações que por vezes ouvimos de que para vivermos em Deus precisamos fugir do mundo. Não, não é verdade. Deus nos chama a viver com a máxima qualidade a nossa vida aqui na terra. Esta vida, com todas as dimensões, corporal e espiritual, individual e comunitária. Vivendo bem e com intensidade, com amor essa vida, já experimentamos o que é a eternidade.

Não seria um pouco essa a alegria e a glória de Deus? Deus se alegra e é glorificado, em tudo aquilo que fazemos que vai levando a nossa vida, a vida de nossos irmãos e a criação inteira mais próxima da plenitude. Toda ação humana que diminui o ser humano, que o afasta do caminho da plenitude, que impede a criação de recriar-se em direção ao melhor, não é gloria para Deus. Diante disso, alargamos o leque daquilo que agrada a Deus e então podemos dizer que Deus não é religioso. Ou seja, ele não valoriza somente aquilo que é religioso. Certamente, o que é autenticamente religioso o agrada muito, mas o seu interesse primeiro está na vida inteira das pessoas e da criação. Só assim Deus consegue alcançar a todos. Onde está a vida esta o amor, onde está à vida e o cuidado com a vida, ali está Deus.

Padre Ezequiel Dal Pozzo
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Jornal Nova Fronteira