Comitê propõe medidas emergenciais para o Rio São Francisco
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A situação das nascentes, o baixo nível de água no rio e nos reservatórios, motivou reunião da coordenação nacional do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF).

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Miriam Hermes | A Tarde On Line | Foto Raul Spinassé | Ag. A Tarde

A situação das nascentes, o baixo nível de água no rio e nos reservatórios, motivou reunião da coordenação nacional do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF). No dia 30 de setembro, a entidade, por meio da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, divulgou documento sugerindo medidas emergenciais que possam atender toda a bacia.

O documento, entre outras recomendações pede a instalação do Comitê Gestor da Revitalização e, emergencialmente, a redução de vazão das represas ao longo da macrobacia. Também alerta que “da nascente à foz o rio vem diminuindo sua vazão, comprometendo a quantidade e a qualidade das águas, as atividades econômicas e inviabilizando os usos múltiplos”.

Vice-presidente do CBHSF, Wagner Soares dimensionou o problema exemplificando que a represa de Três Marias (a primeira que barra a água do rio ainda em Minas Gerais) “atualmente está com 5,4% da sua capacidade de armazenamento, onde estão entrando 32m³/s e saindo 160m³/s. Nesta perspectiva, até o final de outubro toda a água terá acabado”.

Para ele, a prioridade deve ser a dessedentação humana e animal e por isso é preciso que todos os setores racionalizem o uso da água, com redução comprovada de perdas, “para que a situação não chegue em seu estado mais crítico, antes que as chuvas recomecem. A partir de então as medidas restritivas serão retiradas”.

Programa propõe ações para próximos 10 anos

Previsto para ser totalmente implementado nos próximos dez anos, o planejamento do programa, que muda traçado de estradas e constrói barramentos para reter a água da chuva nas propriedades, foi iniciado há cerca de quatro anos e já tem cinco projetos-piloto em andamento em diferentes locais “para experimentarmos os melhores modelos para cada situação”, revelou.

A preocupação diante da seca é legítima, afirmou o diretor de Águas e Irrigação da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Cizino Lopes, ressaltando, porém, “que qualquer decisão sobre a moratória para o rio e afluentes deve ser debatida e aprovada pelo CBHSF, (que é formado por representantes de todos os segmentos que utilizam da água dos mananciais que formam a macrobacia)”.

“A nossa realidade no Oeste baiano é diferente desta que acomete a região das nascentes do São Francisco. Nós da Aiba acreditamos que ainda não é o caso de parar com a irrigação, mas, se essa for uma determinação legal, os agricultores vão acatar para priorizar o consumo humano e dessedentação animal”, disse, acrescentando que neste período de entressafra menos de 20% dos irrigantes (maioria de fruticultores) estão fazendo uso da irrigação.

Cizino salientou ainda que a associação (cuja maioria dos associados tem fazendas na área da bacia do rio Grande, um dos maiores tributários do São Francisco), em parceria com órgãos nacionais e estaduais, bem como as Prefeituras com áreas na região de cerrado baiano, está implementando um programa de Manejo de Microbacias para garantir a recarga dos aqüíferos, conter o assoreamento dos rios, dentre outros benefícios.

Jornal Nova Fronteira