Barreirenses, alertai-vos!
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Certa feita a historiadora barreirense Ignez Pitta de Almeida, em um artigo publicado neste jornal, alertava sobre os riscos que Barreiras corria a partir da emancipação do ex-distrito de Mimoso do Oeste.

aeroporto

Vinícius Lena

Certa feita a historiadora barreirense Ignez Pitta de Almeida, em um artigo publicado neste jornal, alertava sobre os riscos que Barreiras corria a partir da emancipação do ex-distrito de Mimoso do Oeste. E citava como exemplo o que ocorrera no passado com Taguá – que era sede de um grande município – quando Barreiras se emancipou daquele em 1891. Temerosa, Dona Ignez documentava e procurava alertar as autoridades barreirenses, através de suas observações futuristas e pesquisas, que embora as duas localidades estivessem surgido à beira do Rio Grande, e não muito distante uma da outra, enquanto Barreiras se desenvolvia desde então de forma pujante, Taguá, que era a sede de um enorme município, minguava para se tornar o que é hoje apenas um vilarejo de pescadores sem expressão, adido ao município de Cotegipe.

É claro que isso não ocorreu porque os tempos são outros. Mimoso do Oeste, – que se emancipou já sob o nome de Luís Eduardo Magalhães – no ano 2000 contabilizava 20 mil habitantes e hoje conta com 80 mil e Barreiras que contava com 70 mil, hoje contabiliza 150 mil, mas os cuidados e alertas continuam válidos até hoje. E sempre. Embora as duas cidades continuem cada uma com seus fatores econômicos e sociais a se desenvolver harmonicamente – pelo menos nas aparências – é claro, claríssimo, que ambas lutam e procuram alcançar e manter a posição de hegemonia na região Oeste da Bahia. Em nossa avaliação esta hegemonia hoje ainda pertence a Barreiras. Mas até quando?

Após estas divagações históricas, necessárias para abordarmos o que acontece hoje, vamos aos fatos relevantes. Quando se criou o novo município no distrito de Mimoso do Oeste era muito compreensível que o foco do agronegócio fosse todo, ou quase todo, centralizado lá por razões óbvias: era a centro da zona produtiva dos chamados Gerais da Bahia. E Barreiras absorveu o impacto de ver diminuído 20 mil habitantes e grande número de empresas do setor – também por motivos óbvios – porém continuou a crescer e se desenvolver no mesmo ritmo de sempre, estribada em outros fatores econômicos. Que não citamos para não estendermos muito nossa análise.

Acontece que o que ocorre ultimamente, como o crescimento do agronegócio, com o mega-evento do Bahia Farm Show, nada disso preocupa Barreiras. Até merece aplausos e apoios logístico e políticos, pois quanto maior for este, que já é o maior evento do agronegócio do Norte/Nordeste da Brasil, servirá de promover a toda a região e ao futuro Estado do Rio São Francisco, se um dia este vier se concretizar.  Porém as reivindicações atuais de empresários e do executivo municipal de tornar como aeroporto central e comercial, o aeroporto de Luís Eduardo Magalhães, em detrimento do histórico Aeroporto Regional de Barreiras, este planejamento é o que deve deixar em alerta – com sinal vermelho – as autoridades barreirenses. Pois é público e notório que lá a iniciativa privada, dona do empreendimento, já está com um aeroporto prontinho, com pistas de acesso asfaltada pelo Estado, iluminação sendo concluída e pistas nos padrões para pousos e decolagens de grandes aeronaves. E sabe-se também que os planos dos empresários é fazer a doação de tudo para o Estado da Bahia, afim de que este possa efetivar os devidos registros junto a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), e assim transferir todos os vôos comerciais para L.E.M.

Enquanto isso o histórico Aeroporto Regional de Barreiras, construído pelo Exército Americano em 1940, que já teve à disposição recentemente de R$ 54 milhões para aumentar a pista em mais 700m e construir um novo terminal de passageiros, compatíveis com o pouso e degolagem de aviões de grande porte, teve o início de suas obras embargadas pelo Controladoria Geral da União (CGU) por constatação de vícios e irregularidades no edital de licitação.

E dessa forma antevê-se que, se nossas lideranças, autoridades constituídas e representantes, dormirem em seus postos, os aviõezinhos irão levantado vôos, um por um, para pousar em outras freguesias. E o Aeroporto Histórico da Serra da Bandeira, ficará para pouso e decolagem de avionetas. Ou de mutucas ou quero-queros.

(N.A. – Há outro assunto. A construção do Ceasa que pretendo abordar nas próximas análises)

Jornal Nova Fronteira