Barreiras: Poda radical feita pela Prefeitura preocupa moradores da 19 de maio
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Assim que deixei a rua Aroldo de Andrade (rua do Estádio Geraldão) e comecei a percorrer a rua 19 de maio, centro de Barreiras, percebi que havia algo estranho no local. Faltavam uns dez minutos para a sete horas da manhã e a claridade sobre o asfalto e as folhas e galhos amontoados denunciavam que algo de muito ruim havia acontecido.

 

Por Eduardo Lena

Assim que deixei a rua Aroldo de Andrade (rua do Estádio Geraldão) e comecei a percorrer a rua 19 de maio, centro de Barreiras, percebi que havia algo estranho no local. Faltavam uns dez minutos para a sete horas da manhã e a claridade sobre o asfalto e as folhas e galhos amontoados denunciavam que algo de muito ruim havia acontecido.

Conhecida como a rua mais arborizada de Barreiras, a 19 de maio sempre foi destaque na mídia regional como exemplo a ser seguido em conforto térmico natural, por apresentar até três graus centígrados a menos que outras ruas e avenidas da cidade. A exemplo da rua Profª Guiomar Porto, a própria Aroldo de Andrade, Tv 19 de Maio e Princesa Isabel, essa rua central teve em toda a sua extensão o plantio de Oitizeiros feito na década de 70, no saudoso governo de Baltazarino Araújo Andrade.

 

O fato é que em frente ao Ministério Público do Trabalho/Procuradoria do Trabalho em Barreiras, duas árvores tiveram uma poda radical efetuada por prepostos da Secretaria de Infraestrutura de Barreiras.

Sou jornalista e técnico em agropecuária, mas confesso que não sou engenheiro florestal para contestar o laudo fornecido pela Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Barreiras (Sematur), que atestou, através de seu engenheiro florestal, que as referidas árvores podadas radicalmente, apresentavam troncos danificados e enfraquecidos, que ofereciam risco de queda. Até aí tudo bem. Se um engenheiro florestal afirmou isso, quem sou eu para contestar. Acontece que olhando os aspectos fitossanitários das duas árvores em questão e as outras árvores existentes na região, posso afirmar como leigo que metade das árvores nessas ruas encontram-se iguais ou em piores condições do que as duas em questão.

Nesta área arborizada da cidade existem árvores em situações bem piores do que as plantas em frente do Ministério Público do Trabalho

 

Se os troncos oferecem riscos de queda, elas deveriam ter sido retiradas e plantadas outras no local. Não é uma poda sem critério que vai resolver a questão. Além disso, a maneira como os galhos foram podados demonstram a falta de P-R-E-P-A-R-O e C-O-N-H-E-C-I-M-E-N-T-O por quem mandou podar e por quem podou. Jamais um galho deve ser cortado na horizontal para evitar o acúmulo de água no tronco em períodos de chuva, o que favorece o apodrecimento da madeira. O correto é efetuar o corte em diagonal ou vertical, e após isso aplicar uma calda fúngica para evitar a entrada de doenças nas lesões deixadas pelas ferramentas. Fato que não ocorreu nas árvores podadas e volto a afirmar, isso ocorreu por falta de P-R-E-P-A-R-O e C-O-N-H-E-C-I-M-E-N-T-O, ou ‘seria má fé?’.

Um exemplo de como é a convivência entre rede elétrica e natureza. Em Maringá/PR prevalece o bom senso

 

Podas de limpeza para retirada de galhos secos e próximo a fiação elétrica são necessárias, mas é preciso critério e cuidado. Certa vez uma equipe de terceirizados da Coelba estava nesta mesma rua realizando limpezas nas árvores para liberar a rede elétrica, mas a poda estava tão radical que precisei, em companhia de meu finado pai, me abraçar em uma árvore para que o crime ambiental fosse suspenso. Após um longo período de estresse, riscos e negociação, e após mostrar o exemplo de como as podas eram feitas na cidade paranaense de Maringá é que a equipe de desobstrução de rede elétrica desistiu do serviço. Em Maringá o cuidado com as árvores tem a mesma prioridade que a desobstrução da rede elétrica.

O que ocorreu em frente ao Ministério Público do Trabalho assustou e causou estranhamento até mesmo nos servidores daquele órgão federal. Por intermédio da assessoria de imprensa formos informados que o órgão, visando à segurança das pessoas e do patrimônio, realmente solicitou a elaboração de um laudo/vistoria das condições fitossanitárias das árvores que circundam o prédio da Procuradoria do Trabalho em Barreiras, mas que não tem autonomia nem prerrogativa para contestar o laudo e o resultado dele decorrente.

 

Além desse tipo errado de poda, é bastante comum encontrarmos podas radicais em frente a estabelecimentos comerciais. Para dar visibilidade em seus letreiros, tem muito comerciante bitolado acabando com as árvores. E até que se sabe, com a complacência de quem deveria impedir esse tipo de crime.

Jornal Nova Fronteira