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O filósofo austríaco, naturalizado norte-americano, Eric Hoffer (1902-1983) dizia que “toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio e finalmente degenera numa quadrilha”.

Sérgio Fonseca – s.de.fonseca@bol.com.br

O filósofo austríaco, naturalizado norte-americano, Eric Hoffer (1902-1983) dizia que “toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio e finalmente degenera numa quadrilha”.

Isso me faz pensar no PT, o Partido dos Trabalhadores. Nascido há 34 anos para representar a ética na política e combater a corrupção, o PT sofre hoje o desgaste natural da longa permanência no poder. Atualmente chafurda na lama da corrupção  e nos desvarios da ineficiência administrativa.

Nunca, na história deste país, houve um escândalo tão vasto e tão profundo, abarcando inclusive deslizes internacionais, como o petrolão. A estimativa de prejuízo na Petrobras, com os casos de desvio de dinheiro, superfaturamento e pagamento de propinas investigados pela Operação Lavajato  chegam a 20 bilhões de reais. Perto desse verdadeiro assalto ao povo brasileiro a quem, na verdade pertence a Petrobras, o escândalo antecessor, o mensalão, até agora o maior escândalo petista, com seus 300 milhões de reais, pode ser comparado a dinheiro de troco.

E tem mais, a ineficiência administrativa nessa empresa, foi a responsável pela perda acumulada, desde 2011, de 60 bilhões de reais, por causa da venda de diesel e gasolina a preços subsidiados e abaixo dos valores de mercado. A Petrobras é hoje a empresa mais endividada do planeta, com débitos no valor de US$ 135 bilhões, ao contrário de suas concorrentes internacionais, que vão muito bem, obrigado.

Em campo completamente distinto, não podemos passar em branco a anulação, por parte do Supremo Tribunal Federal, do julgamento de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, amigo e segurança do ex-prefeito petista de Santo André/SP, Celso Daniel. Sombra é acusado de ser o mandante do assassinato de Celso Daniel, há quase 13 anos, para evitar que o prefeito acabasse com o esquema de corrupção que, instalado na Prefeitura de Santo André, abastecia campanhas do PT e enriquecia alguns de seus integrantes.

No STF, os ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello votaram pela anulação do julgamento e os ministros Rosa Weber e Luís Barroso votaram pela sua validade. No caso de empate, o réu é favorecido. Convenientemente, parte das pessoas implicada nesse crime, acabou morrendo ao longo desses anos, uma a uma. A polícia local diz tratar-se de crime comum mas o Ministério Público discorda desse parecer.

Embora eu não devesse ficar surpreso, causou-me estranheza, em outro caso, vendo o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em sua ida ao Congresso, ter buscado aliviar a barra de Rosemary Noronha, alegando ser ela uma peça insignificante em outro significante caso de corrupção. Lembrei-me, contudo das façanhas anteriores de Cardozo, como envolvimento em dossiês fajutos e o uso de seu cargo mais para defender envolvidos no mensalão,no petrolão, nos aloprados e outras fraudes menores, ainda não tão divulgadas.

Veio-me à mente a frase de Blaise Pascal (1623-1662), que diz que “para quem quer ver, há luz suficiente; para quem tem disposição contrária, há bastante obscuridade”. E o nosso ministro da Justiça tem demonstrado que  não quer ver muitas coisas.

Alguém já procurou levantar os gastos abusivos de Rosemary Noronha, no cartão corporativo dela, quando assumiu a chefia do Gabinete da Presidência da República em São Paulo? A lista dos malfeitos, como os chama a presidente de todos os brasileiros, é enorme. E cresceriam mais se houvesse investigações amplas e aprofundadas no BNDES, nos fundos de pensão das empresas estatais e autarquias e nas próprias estatais. Por acaso algum ministério estaria imaculadamente limpo?

Tendo em vista a escala de Hoffer, citada no primeiro parágrafo desta crônica, diga em qual dos critérios você incluiria o Partido dos Trabalhadores, como ele é hoje.

Jornal Nova Fronteira