Abengoa pode fechar as portas no Brasil e deixar dívida incalculável com fornecedores
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Caso se confirme o calote, empresas de médio e pequeno porte deverão fechar as portas e enfrentar uma enxurrada de ações trabalhistas.

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Da redação JornalNF

A companhia espanhola Abengoa, de energia renovável e infraestrutura, está encerrando as atividades no Brasil e entre os contratos firmados entre a empresa e o Governo Federal está a renovação da rede de transmissão de energia desde a cidade de Miracema/TO até Sapeaçu/BA. Neste trecho vários fornecedores e prestadores de serviços de Goiás, Tocantins, Piauí e Bahia, estão angustiados devido ao crédito que têm junto a empresa espanhola. Muitos deles o volume de recursos se aproximam de um milhão de reais a receber.

Caso se confirme o calote, empresas de médio e pequeno porte deverão fechar as portas e enfrentar uma enxurrada de ações trabalhistas. Segundo Janyr Henrique Ferreira Cesar, proprietário da JM, empresa de São Simão/GO, ele estava prestando serviços para a Abengoa desde o dia 20 de maio deste ano e na manhã de hoje, 26, quando os caminhões da empresa chegaram para iniciar os trabalhos, os motoristas foram informados que todos os fornecedores estavam sendo dispensados devido o fechamentos dos canteiros de obras. “Eles simplesmente comunicaram que a empresa estava fechando as portas e não passaram nenhum posicionamento para nós”, disse o empresário que possuía, entre caminhões e máquinas pesadas, 20 equipamentos alugados e um crédito a receber de aproximadamente R$ 820 mil.

O empresário afirmou ainda que se não receber esse dinheiro não vai ter como pagar os fornecedores do Oeste da Bahia – peças para manutenção dos maquinários – e nem os funcionários, o que acarretará em diversas ações trabalhistas. “O patrimônio que demorei 15 anos para conquistar devo perder todo só por conta dessa obra”, desabafou Janyr Henrique.

Outro empresário que demonstrava preocupação era Rildo Chaves, proprietário da Lok Máq – Locadora de Máquinas. “Se a notícia se confirmar vai ficar muito difícil para minha empresa, uma vez que já estávamos mantendo-a  através de empréstimos, rolando nossa dívida para frente, enquanto negociávamos nosso crédito na Abengoa”, informou Rildo, alegando que desde que começou a prestar serviços para a empresa, também em maio deste ano, só recebeu o primeiro mês de um dos caminhões que estão à disposição da Abengoa. “Tenho mais de R$ 500 mil a receber da empresa”, informou o empresário, ressaltando que a Lok Maq fez investimentos pesados na compra de maquinários visando atender as obras da Fiol e da Abengoa. “As obras da Fiol estão paralisadas desde março de 2015 e agora essa triste notícia do encerramento das atividades no Brasil por parte da Abengoa”, desabafou Rildo, lembrando que o único comunicado que receberam até o momento é que os fornecedores serão recebidos pelos diretores da filial de Barreiras. “Depois dessa reunião é que saberemos a posição oficial da empresa e qual atitude tomaremos para que possamos receber pelos serviços prestados nesses sete meses de contrato”, conclui o empresário.

Enquanto nossa reportagem esteve em frente ao portão de acesso da Abengoa, que se encontrava no momento bloqueado pelos fornecedores, outros prestadores de serviços, assim que souberam da notícia, foram chegando. O telefone dos fornecedores presentes não paravam de receber ligações de outros prestadores de serviços de outras cidades da Bahia. A maioria deles já estavam em deslocamento para Barreiras, para participar da reunião com os diretores da Abengoa, fato que deverá ocorrer na tarde de hoje, por volta das 17h.

Informações divulgada na revista Exame indica que ontem, 25, a Abengoa entrou com um pedido preliminar de proteção contra credores, um passo inicial que pode levar ao maior caso de falência da história da Espanha.
Segundo a reportagem da revista reproduzido a seguir, o caso da Abengoa é um exemplo extremo de uma companhia espanhola que cresceu impulsionada no endividamento, durante os anos de boom econômico do país, mas agora enfrenta dificuldades para avançar. A empresa é uma das maiores construtoras do mundo de linhas de transmissão que transportam energia pela América Latina e também importante no setor de engenharia e construção, com grandes usinas de energia renovável em lugares que vão do Kansas ao Reino Unido.

A mais recente rodada de negociações da Abengoa com seus credores começou após a companhia de investimentos espanhola Gonvarri Corporación Financiera cancelar um plano de injetar cerca de 350 milhões de euros (US$ 375,85 milhões) na empresa sediada em Sevilha, disse a Abengoa na documentação regulatória entregue nesta quarta-feira. “A companhia continuará as negociações com os credores, com o objetivo de chegar a um acordo para garantir sua viabilidade financeira”, afirmou a companhia.

As ações do Abengoa chegaram a cair até 70% nesta quarta-feira. Perto do fechamento da Bolsa de Madri, o papel recuava 49,78%. A notícia também atinge as ações de bancos espanhóis, que estão entre os credores da Abengoa.
A Abengoa, cujo valor de mercado caiu para 300 milhões de euros nesta quarta-feira, registrou endividamento financeiro bruto de 8,9 bilhões de euros no terceiro trimestre. A Abengoa tem agora até quatro meses para negociar com os credores. Pela lei espanhola, enquanto isso os credores não poderão forçar a falência da companhia. Fonte: Dow Jones Newswires.

 

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Jornal Nova Fronteira