A alegria é diferente do prazer
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Nós, seres humanos, precisamos encontrar razões para que possamos dizer para nós mesmos: eu sou feliz eu tenho motivos para ser feliz e para me alegrar. Somos seres que vão se construindo um pouco por dia, por isso tornar-se melhor é uma tarefa diária de cada um de nós. Os não humanos não tem crises existenciais como nós temos e nem se sentem perdidos quanto ao sentido da vida, porque eles só têm um caminho a seguir: ser o que eles são.

 

Padre Ezequiel Dal Pozzo
contato@padreezequiel.com.br

Nós, seres humanos, precisamos encontrar razões para que possamos dizer para nós mesmos: eu sou feliz eu tenho motivos para ser feliz e para me alegrar. Somos seres que vão se construindo um pouco por dia, por isso tornar-se melhor é uma tarefa diária de cada um de nós. Os não humanos não tem crises existenciais como nós temos e nem se sentem perdidos quanto ao sentido da vida, porque eles só têm um caminho a seguir: ser o que eles são. Os animais não são humanos porque nós também não somos animais. Nós somos diferentes. Nós somos animais racionais. Temos sentimentos.

O ser humano pode ser o ser humano que ele quiser ser e também pode escolher viver de muitas formas. Além do sentido da vida, nós podemos encontrar também um jeito de viver que nos dê alegria no próprio ato de viver. Desejamos a alegria de viver e aqui é preciso perceber a diferença entre o prazer e a alegria de viver. Prazer é algo que podemos buscar quando nós queremos, por exemplo, se eu estou meio aborrecido, meio entediado, quando o dia está meio chato, eu posso pegar na geladeira uma boa cerveja gelada e assistir a um bom filme e ter um momento de prazer.

O prazer está ao alcance da nossa mão quando o buscamos. É claro que nem sempre nós conseguimos o prazer desejado. O prazer é algo que depende da nossa vontade, só que o prazer é momentâneo e tem um limite, após um certo grau. O que nos proporcionava o prazer passa a nos cansar. Uma cerveja e um bom filme pode propiciar prazer em uma tarde de chuva, mas caixas de cerveja e vários filmes seguidos acabam por enjoar, por gerar uma sensação contrária e de desprazer.

Alegria, por sua vez, não depende da nossa vontade. Ela não está à disposição ou diretamente ao alcance da nossa vontade. A gente não fica alegre porque quer, porque está ou porque conseguiu algo após muita luta. A alegria tem a ver com conquista ou com o modo de viver e ela não nos cansa e nem enjoa. Quanto mais, melhor. Quanto mais alegria, maior o sentido da vida.

Quando estamos muito alegres, mesmo que muito cansados, e com sono, fazemos de tudo para nos mantermos acordados e prolongar esta alegria, por isso alegria é diferente de prazer. A alegria é também prazerosa. Momentos prazerosos são importantes, mas não são suficientes para preencher a nossa vida com aquela sensação de que vale a pena viver, de que as lutas do dia a dia e as dificuldades enfrentadas valem a pena.

Por isso, é importante olhar para a nossa vida e refletir: como vivo? Vivo de prazer apenas? Faço a vida ser prazerosa de ser vivida, pois a vivo com alegria? Vale a pensa fazer essas perguntas.

Jornal Nova Fronteira